Protestos em São Paulo mostram o Itaú que não aparece na propaganda

Ato evidencia contradição entre campanhas publicitárias e realidade

O Itaú abocanhou o direito de explorar a marca Copa do Mundo Fifa e está fazendo valer os milhões gastos com o patrocínio por meio de uma campanha publicitária suntuosa que esconde um outro lado do banco. O cenário retratado nos comerciais de produção cinematográfica é diferente da realidade encarada pelos seus funcionários, que convivem com demissões, sobrecarga de trabalho e assédio moral.

Para expor essa realidade, o Sindicato dos Bancários de São Paulo realizou um grande protesto na terça feira 10, paralisando 14 agências localizadas na Avenida Paulista. “Os comerciais do Itaú retratam o cuidado com a família, a preocupação com o futuro, mas seus próprios trabalhadores não podem viver isso porque não sabem se amanhã continuarão empregados no banco”, afirma a diretora do Sindicato Valeska Pincovai.

Uma funcionária (que não será identificada para não sofrer represálias) concorda com a dirigente sindical. Para ela, as campanhas publicitárias do Itaú são “um lixo”.

“Os comercias mostram uma coisa, mas o banco pratica outra na verdade. Somos humilhados e constrangidos o tempo todo. Eu estou com depressão por causa do assédio moral pela cobrança por metas, tenho que ir ao psiquiatra pelo menos uma vez por semana”, desabafa emocionada.

Ela acrescenta que na agência onde trabalha existe apenas um caixa e um gerente operacional para atender os clientes. “Às vezes eles não podem nem almoçar ou até mesmo ir ao banheiro. O banco deveria cuidar melhor dos seus funcionários e dos seus clientes”, completa.

Entre janeiro e março de 2014, o Itaú eliminou 733 vagas de emprego em todo o país. Considerando o período de abril de 2013 a abril deste ano, já são 2.759 postos de trabalho a menos. Com esses cortes, as despesas de pessoal do banco cresceram apenas 3,8%, bem abaixo dos reajustes conquistados pela categoria bancária em 2013.

Ao ser apresentado a estes dados, o analista de sistemas e cliente Clovis Carlos de Melo disse não ver sentido nenhum em o banco patrocinar a Copa do Mundo. “Deveriam usar esse dinheiro para contratar mais funcionários e atender a gente melhor.”

Opinião semelhante tem o aposentado Domingos Borges. “Eu acho que o Itaú tem que patrocinar são os seus empregados. Os bancos ganham muito dinheiro com juros. Poderiam pagar salários melhores e contratar mais. Funcionário que ganha bem e é bem tratado, produz mais”, revela o cliente do Itaú.

“Além da Copa do Mundo, o Itaú é também patrocinador oficial das doenças de trabalho, do excesso de jornada, da pressão e do desrespeito”, ironiza a dirigente Valeska. “Queremos preservar a saúde dos bancários e mais qualidade de vida para eles. Isso sim é responsabilidade social”, finaliza.

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