Privatiza‡Æo do Banerj faz dez anos dia 26

(Rio de Janeiro) Os funcionários do antigo banco estadual do Rio de Janeiro, o Banerj, ainda se lembram: manobras políticas e a sanha privatizadora dos neoliberais que chegaram ao poder em 1995. A privatização dos bancos estaduais estava na agenda de Fernando Henrique Cardoso e o Banespa era um dos principais alvos. Como o governador eleito de São Paulo, Mário Covas, já havia informado que era contra a venda do banco paulista, foi preciso vender vários bancos estaduais em uma mesma leva para convencer Covas a fazer o mesmo com o Banespa.

 

No Rio de Janeiro, o Banerj enfrentava uma crise que foi a justificativa para a instauração de uma gestão terceirizada, executada pelo banco Bozano-Simonsen. Fora do Rio de Janeiro, todas as agências foram fechadas, exceto uma em São Paulo e outra em Brasília. Houve demissões, as tarifas para manutenção de conta subiram assustadoramente, muitas unidades foram extintas. O banco sofreu algumas mudanças e voltou a dar lucro. Mesmo assim, em 1997, o governador Marcelo Alencar alegou que precisava “fazer caixa” e anunciou o leilão de privatização.

 

Durante os anos da gestão terceirizada, o movimento sindical não ficou parado. A intenção do governo de vender o banco era clara e os sindicalistas se mobilizaram, tentando evitar a privatização. Em 1995, quando a Assembléia Legislativa votou o Programa Estadual de Desestatização, militantes bancários enfrentaram a polícia e seus cacetetes, mas não puderam evitar a aprovação das privatizações. Os sindicalistas chegaram a impedir dois leilões em 1996, um no meio do ano, outro em dezembro. Mas, em 1997, o Itaú arrematou, em leilão, as 170 agências do Banerj, herdando cerca de um milhão de clientes.

 

Ficou na memória dos bancários, também, a emoção daqueles dias em que tentaram manter o Banerj público. “Quando a privatização aconteceu foi uma tristeza muito grande, um sentimento de derrota, de muita frustração”, relata Ronald Carvalhosa, diretor do Sindicato do Rio e funcionário do antigo banco. “Por mais que soubéssemos que a privatização era inevitável, fizemos uma grande luta de resistência”, lembra Ronald.

 

A luta continua

Com a privatização dos bancos, ficaram pendências importantes. O Previ-Banerj, fundo de pensão dos funcionários, foi incorporado ao RioPrevidencia, que cuida dos benefícios previdenciários dos servidores estaduais do Rio de Janeiro. Os problemas começaram justamente aí, porque as reservas matemáticas dos dois foram fundidas e aposentados e pensionistas do extinto banco estadual já tiveram problemas mais de uma vez.

 

Também é motivo de muita briga o saldo da chamada Conta B, que foi criada na época da privatização para garantir o pagamento de ações judiciais contra o banco – inclusive trabalhistas – que fossem perdidas. Tempos depois, verificou-se que o Itaú pagava sem protestar algumas das indenizações – algumas em processos duvidosos – para, depois, ir sacar o ressarcimento da Conta B. Foi preciso uma decisão do TST para garantir o bloqueio da conta.

 

Outro problema é o Berj, a parte podre do Banerj, que foi mantida com o governo. Depois de anos considerado um estorvo, o chamado Banerj Velho virou a galinha dos ovos de ouro e a governadora Rosinha Garotinho, no final de seu mandato, no ano passado, fez de tudo para tentar vendê-lo para tapar o rombo que estava deixando no orçamento do estado. O valor do lance mínimo era inferior aos créditos tributários do banco, estimados em R$ 4 bilhões.

 

O movimento sindical ainda tem estas pendências a resolver. É preciso garantir o pagamento de todas as pensões e aposentadorias, manter o bloqueio da conta B e garantir que o BERJ, se for vendido, seja avaliado pelo seu real valor.

 

Debate

O Sindicato do Rio promove no próximo dia 28, às 15h, no auditório da entidade o debate “Banerj: Dez anos de resistência dos trabalhadores”. Técnicos do Dieese-Rio vão participar do evento, traçando um panorama do que mudou no sistema financeiro depois da privatização do banco estadual e o que o governo do estado perdeu com a privatização.

 

Fonte: Feeb RJ/ES

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