Deutsche Bank pagará multa recorde de US$ 2,5 bi por manipulação de taxa

O Deutsche Bank terá de pagar uma multa recorde de US$ 2,5 bilhões e demitir sete funcionários, para pôr um fim a investigações nos Estados Unidos e no Reino Unido sobre sua participação no escândalo da manipulação da Libor, a taxa do mercado interbancário de Londres.

Pelo acordo divulgado nesta quinta-feira (23), o banco terá de demitir seis funcionários em Londres e um em Frankfurt pelo envolvimento em condutas inadequadas. Os nomes dos funcionários não foram revelados, mas um deles é diretor executivo, quatro são diretores, e dois, vice-presidentes. Uma unidade do Deutsche Bank no Reino Unido também concordou em se declarar culpada de fraude eletrônica.

“Funcionários do Deutsche Bank se envolveram em um esforço amplo de manipulação das taxas referenciais de juros visando ganhos financeiros”, disse Benjamin Lawsky, superintendente do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (DFS), em comunicado.

“Devemos nos lembrar que os mercados não se manipulam sozinhos.” A penalidade é a maior imposta até agora no escândalo da manipulação dos juros e ofusca a que foi paga pelo UBS. Os acordos, detalhando a repetição dos delitos cometidos por funcionários, assim como a morosidade intencional do banco no trato com os investigadores, são um revés para os executivos-chefes adjuntos Anshu Jain e Juergen Fitschen, no momento em que eles preparam um plano de reorganização do Deutsche Bank.

“Lamentamos profundamente tudo isso”, disseram Jain e Fitschen em comunicado. “Este acordo é mais um passo na reparação dos erros do passado.” O banco disse que as investigações não constataram o envolvimento, ou ciência, de membros ou ex-membros do conselho de administração em condutas inadequadas.

Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, de 2003 a 2011, operadores do Deutsche Bank solicitaram regularmente a proponentes de taxas de juros que fizessem propostas que beneficiariam suas posições. Em 7 de setembro de 2006, o chefe de uma mesa de negociações de Londres pediu a um operador do Barclays que o ajudasse a conseguir uma taxa mais baixa para a Euribor, que é o equivalente em euro da Libor. “Suplico a vc, não se esqueça de mim… por favoooorrrrrrr. Estou de joelhos..”, dizia o e-mail, segundo o DFS.

Além disso, o Deutsche Bank deu “uma resposta inaceitavelmente demorada e inútil” às solicitações dos investigadores e enganaram as autoridades reguladoras em certas ocasiões, reduzindo significativamente o ritmo de andamento do caso, segundo disse a Financial Conduct Authority do Reino Unido (FCA).

A conduta inadequada envolveu pelo menos 29 funcionários do Deutsche Bank, incluindo executivos, operadores e proponentes de taxas em Londres, Frankfurt, Tóquio e Nova York. Numa tentativa de manipular a Libor, os operadores do Deutsche Bank coordenavam suas propostas para a Libor com operadores de outras instituições, como o Barclays, BNP Paribas, Citigroup, Merrill Lynch, Société Générale e UBS, segundo consta nos acordos.

“O Deutsche Bank nos enganou repetidamente”, diz Georgina Philippou, diretora em exercício de fiscalização e supervisão do mercado da FCA. “O banco demorava demais para produzir documentos vitais e era lento demais na reparação de sistemas e controles relevantes.” A Commodity Futures Trading Commission dos EUA multou o banco em US$ 800 milhões. O Departamento de Justiça aplicou outros US$ 775 milhões e vai instalar um monitor no banco por três anos para ter certeza de seu enquadramento nos termos da penalidade alternativa.

As duas boladas vão para o Tesouro dos EUA. A agência de Lawsky receberá US$ 600 milhões. Os legisladores do Estado de Nova York decidem o que fazer com o dinheiro que o DFS recebe. O acordo com a FAC foi de 227 milhões de libras (US$ 341 milhões).

O governo britânico é que geralmente decide a forma como o dinheiro será usado e costuma doar sua parte para instituições de caridade militares. O Deutsche Bank é um dos últimos a chegar a um acordo com as autoridades britânicas e americanas nas investigações do escândalo da manipulação da Libor, embora já tenha pagado ? 725 milhões para encerrar uma investigação antitruste na União Europeia.

Os acordos anunciados elevam o total das multas globais impostas por causa do escândalo a cerca de US$ 9 bilhões, pagos por uma dezena de instituições financeiras. O UBS pagou US$ 1,5 bilhão em 2012, a maior multa antes da imposta ao Deutsche Bank. O Deutsche Bank já foi um entre mais de uma dezena de bancos pesquisados diariamente pela British Bankers Association (BBA) em seus custos dos empréstimos.

O Deutsche Bank disse que vai lançar no primeiro trimestre despesa de US$ 1,5 bilhão para a questão relacionada à Libor e outros assuntos. Mesmo assim, prevê registrar lucro no período por causa da receita quase recorde obtida.

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