Deutsche Bank mantém os bônus, mas diminui parcela em dinheiro

Financial Times
James Wilson e Patrick Jenkins, de Frankfurt e Londres

O Deutsche Bank voltou a pagar bônus substanciais aos seus executivos mais graduados, mas dobrou-se ao clamor público e às preocupações das autoridades reguladoras e reduziu os pagamentos em dinheiro, atrelando uma parte maior da remuneração ao desempenho de longo prazo.

Ao fornecer os primeiros detalhes das bonificações para os banqueiros de sua cúpula desde uma reorganização das políticas de pagamento, o Deutsche Bank disse que Josef Ackermann, seu executivo-chefe, ganhou mais de ? 9,5 milhões (US$ 13 milhões) em 2009, quando o banco teve um lucro líquido de ? 5 bilhões, recuperando-se do primeiro prejuízo anual registrado depois da Segunda Guerra Mundial.

Pela primeira vez, Ackermann e outros executivos importantes receberão a maior parte de suas bonificações – mais de 60% – em pagamentos diferidos em dinheiro e ações limitadas, que serão distribuídos ao longo dos próximos três anos. Os membros do conselho de administração também terão que conservar pelo menos 45% das ações que irão receber.

Ackermann conseguiu um aumento de 38% em seu salário-base, para ? 1,65 milhão. O banco disse que sua meta de distribuição de bônus irá cair para compensar o aumento do salário-base, dentro das diretrizes internacionais de redução de incentivos que possam levar à tomada de riscos exagerados.

As diretrizes foram estabelecidas depois da crise financeira, quando a tomada de riscos visando o aumento das bonificações foi identificada como fator de desestabilização do setor bancário.

O Deutsche, no qual os executivos mais graduados voluntariamente abriram mão dos bônus que deveriam receber em 2008, nunca esteve sujeito às limitações impostas pelo governo sobre remuneração, mas firmou acordo com a Bafin, autoridade reguladora do setor financeiro alemão, submetendo-se voluntariamente a algumas reformas em 2009.

A remuneração de ? 9,55 milhões de Ackermann incluiu quase ? 1,6 milhão em dinheiro e ? 6,7 milhões em bônus de longo prazo. Ele ganhou quase 14 milhões de euros em 2007, incluindo ? 8,1 milhões que não estavam ligados a incentivos de longo prazo.

O pagamento recebido por Ackermann – defensor veemente da remuneração baseada no mercado para os banqueiros – é o maior anunciado até agora para o executivo-chefe de uma grande companhia alemã referente ao ano passado e, provavelmente, passará por um escrutínio político, embora o Deutsche não tenha precisado de nenhum socorro direto do governo durante a crise.

Em relatório inicial sobre remuneração, o Deutsche Bank disse que o pagamento médio e benefícios dentro do banco foi de ? 147 mil por funcionário no ano passado, subindo para ? 216 mil na divisão de banco de investimento e banco corporativo.

Dos ? 11,3 bilhões gastos pelo Deutsche Bank com remuneração e bonificações em 2009, ? 2,2 bilhões em bônus foram para uma “população que assume riscos” não especificada, incluindo ? 921 milhões em bônus em dinheiro distribuídos no mês passado. O banco disse que a maior parte das bonificações também esteve sujeita a acordos de “restituição”, caso o banco não conseguisse atender suas expectativas.

Os pagamentos enquanto porcentagem das receitas líquidas foram menores que em 2007, quando o Deutsche Bank registrou lucro líquido recorde de ? 6,5 bilhões.

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