BB dá mais um passo para acabar com a função de caixa

Em São Paulo, o Banco do Brasil dá o próximo passo do processo de reestruturação que já causou tantos problemas para os bancários. A novidade é a criação de caixas “flutuantes”, sem lotação em uma dependência específica.

Para isso, o banco está criando o SOP, Suporte Operacional, que funcionará no antigo prédio da Cacex, no centro de São Paulo. Os funcionários que hoje realizam a parte operacional das agências (escriturários, caixas e gerentes de módulo) serão lotados nessa nova estrutura e não mais em uma dependência, podendo então trabalhar em qualquer agência.

Na SOP, um gerente e uma equipe de cerca de seis escriturários ficarão responsáveis pelo suporte de 40 agências. Além do pessoal que trabalha na área negocial, cada agência terá apenas um outro gerente de módulo e alguns caixas, todos com suas lotações também na SOP, podendo ser remanejados de acordo com a demanda regional. Esse gerente cuidará de quatro ou cinco agências numa região. Como sempre, o banco alega que terá ganho de escala ao centralizar as operações. No entanto, o que vai ocorrer é o aumento da sobrecarga dos trabalhadores.

Além disso, ao fragmentar as agências, o banco enfraquece os vínculos entre os bancários, dificultando a organização dos trabalhadores. “É uma ação política do banco para inibir a organização sindical no local de trabalho. Toda a estrutura do trabalho será desorganizada”, afirma Ana Paula Domeniconi, diretora da Fetec-SP e funcionária do BB.

Ela ressalta ainda que a medida é mais um passo dado pelo banco para acabar com a função do caixa. “Essa intenção já existe há muito tempo, com a migração do atendimento para a Internet ou para o auto-atendimento”, explica.

Com a criação dos caixas itinerantes, acaba a ligação entre o cliente e o bancário, desumanizando o atendimento. “O cliente desenvolve uma relação com o caixa de sua agência. Com o caixa flutuante, isso vai acabar. O fim dessa relação é mais um passo para o fim da função e para a terceirização do trabalho do caixa”, explica Ana Paula.

Ela ressalta ainda que, especialmente num banco público, essa relação mais personalizada entre cliente e caixa é muito importante. “Um banco público tem o papel de bancarização da população mais pobre, de inclusão de pessoas no sistema. Quantas pessoas ele não exclui ao empurrar o atendimento para a Internet, por exemplo, que nem todos têm como acessar?”, questiona.

Para William Mendes, secretário de Imprensa da Contraf-CUT e funcionário do BB, as medidas são uma fase do processo de terceirização do atendimento e suporte no banco. “Primeiro terceirizaram o processamento de envelopes, o que é ilegal, pois é uma função de bancário. Essa divisão do trabalho e a saída dos caixas das agências é mais um passo nesse processo”, avalia. “Essa administração do Lima Neto é semelhante às piores do período FHC, como a do famigerado Ximenes. Já que o banco insiste em terceirizar, descomissionar, assediar, vamos chamar os sindicatos para responderem à altura”, sustenta.

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