Bancários do RS lançam campanha “Tolerância zero contra violência dos bancos”

Na manhã desta sexta-feira, 23 de outubro, o projeto “Diálogos Para a Ação” foi palco do lançamento da campanha “Tudo tem limite – Tolerância zero com a violência dos bancos”, promovida pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (SindBancários) e pela Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul (Feeb-RS). O evento reuniu lideranças sindicais de diversas regiões do Estado, na Casa dos Bancários, em Porto Alegre.

O diretor de Formação do SindBancários, Ronaldo Zeni, abriu os trabalhos apresentando o projeto e relacionando-o com o “Diálogos”, espaço privilegiado para a formação, que é um dos aspectos da nova campanha. A mesa foi composta por Lourdes Rossoni, diretora de saúde do SindBancários, Amaro Souza, diretor de saúde da Feeb-RS, e pelas assessoras do departamento de Saúde do SindBancários Mayte e Jaceia Netz.

Segundo Amaro, a luta por melhores condições de trabalho e contra o assédio moral, responsáveis pelo adoecimento de muitos bancários e bancárias, foi eixo central da Campanha Salarial 2009. “É por isso que vamos percorrer as 38 bases sindicais do estado e enfrentar esse tema junto com a categoria”, disse ele.

Lourdes reforçou a importância de levar a campanha para dentro de cada banco, para que ela produza o efeito desejado. “Os bancos dizem que o mercado justifica tudo, e por isso, obtêm seus lucros em cima da exploração, do assédio e do excessivo controle”, afirmou ela.

Como em toda discussão sobre violência, é preciso defini-la bem e ter a real dimensão dos seus efeitos. Mayte falou sobre as diversas formas de violência, as faces que ela assume e o quanto isso, muitas vezes, passa despercebido. “Uma tarefa importante da campanha é dizer para os bancários que o que eles têm sofrido é violência e que isso não é natural”, expôs.

Segundo ela, jornadas longas e sem intervalo; condições ambientais adversas; a deterioração das condições de trabalho; exposição a situações de discriminação, estresse e assédio sexual; o medo e a insegurança; são formas do exercício da violência organizacional. E isso tudo causa doenças físicas e psíquicas nos trabalhadores.

Tudo tem limite!

Jaceia apresentou o projeto, seus objetivos e a estrutura de que ele vai dispor. “Para além de tratar dos casos daqueles que já adoeceram, uma meta central é atuar preventivamente, dentro dos bancos, para que esses casos deixem de acontecer”, explicou ela. “Atualmente, as doenças da mente estão quase superando as LER-DORT em número de ocorrências”, acrescentou.

Um dos eixos de intervenção da campanha é o da capacitação de dirigentes e delegados sindicais para atuar frente ao tema. Para isso, serão criados espaços de formação e de informação.

Também existirão canais de comunicação, a serem amplamente divulgados, para que as denúncias cheguem ao sindicato – com a possibilidade de se manterem no anonimato. O site do sindicato já conta com uma página para receber denúncias (clique aqui e acesse o formulário). Também já está em funcionamento o “disque-denúncia”, no telefone 3433-1225 e no e-mail [email protected].

A partir daí, o sindicato encaminhará as denúncias a dois espaços: um núcleo de ação sindical e um núcleo de apoio contra a violência. O primeiro contará com o envolvimento da direção do sindicato e dos delegados sindicais. Será o grupo responsável por discutir e encontrar a melhor forma de solucionar a questão, bem como sistematizar os casos que chegam. O segundo grupo se constituirá de um corpo técnico para assessorar os bancários em situação de violência, seja juridicamente, seja sob o aspecto do tratamento da doença.

Em um ano, a campanha pretende ter um relatório a apresentar, contemplando os casos recebidos e encaminhados. Isso tornará possível um “mapa da violência”, que pode sensibilizar as autoridades competentes, bem como subsidiar ações sindicais e jurídicas.

Ao final da apresentação, bancários e bancárias a ilustraram com situações concretas de convívio com a violência nas agências. Diversos exemplos foram expostos, envolvendo o próprio depoente ou pessoa próxima. Sendo assim, a campanha já começou com muito trabalho!

Presença nas agências

Em seguida, os bancários e bancárias dividiram-se em grupos e visitaram uma série de agências no centro de Porto Alegre. Eles apresentaram a campanha aos colegas, dando informações sobre a realidade de violência e sobre os meios que passam a haver para denunciar os casos. Destacou-se que a imposição de metas abusivas é sim um mecanismo da violência que o movimento sindical quer combater.

Dentro das agências, os sindicalistas expuseram faixas com o mote “Tudo tem limite” e distribuíram panfletos da campanha, divulgando, assim, os canais de comunicação abertos para falar sobre o tema.

Dados

– Segundo dados do INSS, os bancários são a categoria que mais sofre LER/DORT;
– A cada 10 mil bancários, 520 adoecem em decorrência do trabalho que realizam;
– 30% dos bancários já sofreram algum acidente de trabalho;
– Segundo o INSS, do total de afastamentos por transtornos mentais por mais de 90 dias, 10% são bancários;
– 26% dos trabalhadores afastados com Síndrome do Túnel do Carpo (STC) são bancários;
– Desde sua implantação, em 2004, a Fiel Saúde (sistema de atendimento à saúde, do sindicato) reúne 1.186 fichas de atendimento (no sistema antigo, antes de 2004, foram mais de 4 mil atendimentos);
– Entre 2004 e maio de 2009, das 1.478 CATs (comunicações de acidente de trabalho) registradas no SindBancários, 920 era por LER, 294 por assalto, 141 de acidente de trabalho típico, 75 por sofrimento psíquico e 48 de trajeto.

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