13 de maio é dia de protesto contra a farsa da abolição

A CUT e o movimento negro encaram o dia 13 de maio, como uma data de protestos contra a farsa da abolição da escravatura. Nesta entrevista ao Jornal Bancário, que o Portal do Mundo do Trabalho reproduz abaixo, Marcos Benedito, da Comissão Nacional da CUT Contra a Discriminação Racial. Ele é bancário do Santander e membro do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Social (Inspir).

Para a CUT, o que representa o 13 de maio, data que marca os 120 anos da assinatura da Lei Áurea?
Marcos – Nada há para comemorar nesta data. Para o movimento negro organizado e a CUT, a abolição da escravatura foi uma farsa. O Estado brasileiro proibiu o tráfico e a posse de negros pelos senhores – e foi o último país a fazer isto -, mas os manteve excluídos. Os negros foram colocados na rua, sem emprego ou moradia. Houve a chamada abolição mas não a inclusão da população negra, cuja grande maioria, até hoje, é discriminada e vive na pobreza.

O que deveria ser feito para que a abolição fosse pra valer?
Marcos
– Desenvolver uma política de valorização e qualificação desta mão-de-obra; garantir moradia e reparação a estas milhares de pessoas que foram arrancadas da sua terra, aprisionadas, trazidos à força como escravos para o Brasil, que tiveram suas famílias assassinadas. O Estado brasileiro deveria reconhecer sua responsabilidade pelo prejuízo causado a todas estas pessoas e indenizá-las.

Que atividades a CUT estará realizando como protesto às comemorações da chamada abolição?
Marcos
– Na noite de 12 de maio estará acontecendo a XII Marcha Noturna, que terá como tema os 120 anos da falsa abolição e pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial (projeto em tramitação no Congresso Nacional). No dia 13 faremos um protesto em frente à Bolsa de Valores de São Paulo, contra a discriminação no mercado de trabalho, aí abrangendo a discriminação racial, gênero e de idade.

Os bancos negam, mas também discriminam os negros…
Marcos
– É verdade. Não há como negar. Basta visitar qualquer agência para constatar que é raríssima a presença de pessoas da raça negra nas agências, sobretudo no contato com o público. O crivo é feito na seleção. Os cargos inferiores, este sim, são ocupados por negros. É papel de todo cidadão consciente combater a discriminação e lutar pela igualdade de direitos.

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