Violência contra a mulher também é problema seu

 

São Paulo – Enquanto você lê essa matéria, procure lembrar se conhece alguma mulher que já sofreu agressão física ou psicológica. Infelizmente, se você não é mulher ou se não se encaixa nas estatísticas de violência, deve ter conhecimento de alguém que sofreu esse tipo de agressão. Afinal, os números são escandalosos: a central de denúncias do Ligue 180 realizou somente no primeiro semestre 32.248 atendimentos.

Do total de relatos de violência contra a mulher, 16.499 foram sobre violência física (51,16%); 9.971 relatos de violência psicológica (30,92%); 2.300 de violência moral (7,13%); 629 relatos de violência patrimonial (1,95%); 1.308 de violência sexual (4,06%); 1.365 relatos de cárcere privado (4,23%); e 176 relatos de tráfico de pessoas (0,55%). Os números representam aumento em todos os tipos de violência em comparação com o mesmo período em 2014. Ou seja, enquanto você lê essa matéria, algum caso de violência está ocorrendo no Brasil.

Por isso, homens e mulheres de todo o mundo foram às ruas neste dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. A categoria bancária, em parceria com a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, foi até o Viaduto do Chá, centro da capital paulista, conversar com a população sobre o tema. No local, também estava a unidade móvel da Prefeitura de São Paulo, de atendimento às mulheres em situação de violência.  

Secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Elaine Cutis, participou da atividade em São Paulo

Violência real – Por lá passou Sandra Alves da Silva, mais uma vítima de violência. Ao lado das duas filhas, Karine e Sandrine, contou que quase foi morta pelo ex-marido. “Apanhava dele. Fiz vários boletins de ocorrência, e isso nunca impediu que ele se aproximasse e voltasse a me ameaçar. Até que não aguentei mais apanhar na frente das minhas filhas. Ele nunca foi preso, usava a bebida como desculpa para dizer que ficava agressivo só quando estava bêbado. Criei coragem, achei que seria morta, mas tive força e apoio da minha família e me separei”. Segundo Sandra, o ex-marido foi embora para outro estado e se casou com outra mulher. “O problema foi resolvido pra mim. Mas será que não tem outra sendo agredida por ele?”, questiona a auxiliar de limpeza.

Para o advogado Nelson Semeão, que parou na manifestação para pegar um dos panfletos, as denúncias ocorrem, mas é preciso aperfeiçoar a aplicação da Lei Maria da Penha. “Existe a ferramenta legal, mas deve ser praticada além da denúncia. É preciso proteção efetiva para a mulher que denuncia. Eu conheço algumas mulheres que já sofreram violência física”, contou.

“Eu acho que as mulheres da periferia sofrem ainda mais, estão mais expostas”, opinou o vendedor Leôncio Pacheco. “A violência vai do verbal, do físico, até a morte. Apenas a lei não resolve. A violência contra a mulher deve ser assunto em sala de aula, o machismo gera a violência e isso é um problema cultural.” Enquanto Leôncio falava, a adolescente Vanessa Jiagi Silva parou para pegar informativos sobre o Ligue 180. “Vou levar para minhas amigas na escola. A gente precisa saber como faz para denunciar, pode acontecer a qualquer momento e temos que saber como falar com os meninos para prevenir que isso tudo aconteça.”

 

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