Valor Econômico: Bradesco é surpreendido e estuda reação

Valor Econômico
Raquel Balarin e Vanessa Adachi,
de São Paulo

A diretoria executiva do Bradesco foi chamada ontem para uma reunião de emergência na Cidade de Deus, sede do banco. A idéia era discutir as estratégias de reação à fusão entre o Itaú e o Unibanco, que deixou o Bradesco na incômoda situação de segundo maior banco privado do país. Na sexta-feira, quando os diretores deixaram suas mesas, ninguém poderia sonhar que na segunda-feira teriam tamanha surpresa.

O Bradesco sabia da possibilidade de perder a liderança. Bastava que o Itaú comprasse uma instituição de porte médio para ultrapassá-lo em volume de ativos totais. Mas o casamento com o Unibanco não fazia parte dos cenários. Agora, restam poucas instituições financeiras passíveis de serem adquiridas e nenhuma delas pode devolver a liderança ao Bradesco. A única alternativa que, de uma simples tacada, poderia encurtar significativamente a distância em relação ao novo líder seria a compra da Nossa Caixa.

Ontem, muita gente no mercado apostava que o Bradesco partiria para interferir nas negociações em curso entre o governo paulista, controlador da Nossa Caixa, e o Banco do Brasil. O BB já começou a se movimentar para que o Congresso aprove logo a MP 443, que lhe dá facilidades para aquisição de bancos sem licitação e permite, em seu texto original, o pagamento em dinheiro.

Analistas também acham possível que o Bradesco tente se aproximar do Banco Votorantim, da família Ermírio de Moraes. Em uma alternativa mais ousada, o Bradesco poderia propor assumir as operações do Citi no Brasil, oferecendo uma fatia de suas ações como pagamento ao banco americano.

Internamente, o discurso da cúpula do Bradesco é de que, nas áreas que caracterizam a essência da operação de um banco, como crédito, poupança e depósitos, a distância em relação ao Itaú Unibanco não é tão grande – em seguros, a liderança foi mantida. Em crédito, por exemplo, o Bradesco está cerca de R$ 30 bilhões atrás do novo líder, o equivalente a 15% de sua carteira. O banco aposta na capacidade de reação de sua base. O que realmente ficou difícil para o Bradesco é se aproximar do líder em termos de ativos totais. E essa não é a única preocupação do banco. Na semana passada, o presidente mundial do Santander, Emílio Botín, prometeu ultrapassar os bancos privados brasileiros na liderança do mercado doméstico.

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