Valor: Deutsche Bank monta seu banco de investimento no Brasil

Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo

O Deutsche Bank do Brasil acaba de montar o time completo para o seu banco de investimento e de dobrar o tamanho de sua corretora. Ampliou a área de análise e pesquisa e mais contratações estão por vir, revela Bernardo Parnes, presidente. “Todas as 40 pessoas novas que pedi para a matriz quando entrei no Deutsche, em agosto de 2008, eu consegui manter”, afirmou o executivo. “O nosso plano estratégico de crescimento nunca foi recusado, nem em novembro do ano passado, em um dos piores momentos da crise”, afirmou.

“O Deutsche reduziu o time em diversos lugares do mundo, mas aqui no Brasil está crescendo”, completa Jaime Singer, que assumiu como responsável pelo banco de investimento em meados de julho, vindo do Bradesco BBI, o banco de investimento do Bradesco. “O país está em um daqueles momentos raros, nos quais os custos das captações externas não param de cair”, afirmou Singer, em sua primeira entrevista à imprensa. “Tanto o prêmio de risco-Brasil como os juros títulos do Tesouro americano estão em níveis bem baixos.”

Economista da UFRJ e com MBA em finanças na Harvard Business School, o pernambucano de Recife de 43 anos sempre trabalhou em bancos de investimento. Começou no Pactual em São Paulo, em 95, e passou pelo DLJ, pelo Credit Suisse e pelo Santander Investment. Só saiu desse mundo durante quatro anos de sua carreira, mas mesmo assim para lidar com uma atividade típica de banco de investimento: cuidava de assessorar empresas em fusões e aquisições na Aggrego, empresa de Alcides Tápias, de quem era sócio.

Mas, quando o mercado de ações começou a ganhar cada vez mais fôlego, em 2005 e 2006, Singer não aguentou ficar longe do movimento. Soube que Parnes iria ajudar o vice-presidente do Bradesco, José Luiz Acar Pedro, a montar o BBI. Ele não conhecia Parnes, mas, por meio de um amigo comum entrou em contato com ele e pediu para ir para o BBI. “Eu queria participar daquele momento histórico da Bolsa”, diz. “Não poderia perder aquilo por nada.”

Quando deixou o BBI, Singer era responsável por relacionamentos com clientes, mas cuidava também de toda a área de execução de fusões e aquisições e de emissões de ações do banco brasileiro. Segundo Parnes, foi justamente essa capacidade de fazer a transação acontecer que lhe ajudou a decidir por Singer. “Não adianta nada você pegar um monte de operações para realizar se não consegue entregar a contento depois”, diz Parnes. “Em um banco de investimento, a execução é fundamental.”

Nesses dois meses e meio de Deutsche, Singer já montou seu time, que conta com 13 pessoas fora a área de apoio. “A equipe local vai trabalhar em conjunto com Nova York, Londres e Ásia”, disse Singer. “O Deustche atua em mais de 70 países e isso amplifica nossa atuação no mercado interno”, disse.

Hoje com quase 300 funcionários no Brasil, o Deutsche tem atuação também como banco comercial de atacado, na área chamada de Global Transaction Banking (GTB). Tem participação de 15% do mercado de recebimento e confirmação de cartas de crédito no Brasil, com relação aos 7% de 2008. É também um dos líderes em custódia, com destaque para serviços para não-residentes e na área de FIDCs.

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