UBS e Credit Suisse buscam US$ 130 bilhões para ampliar fundos próprios

Valor Econômico
Assis Moreira, de Genebra

UBS e Credit Suisse, os dois grandes bancos suíços, terão de levantar entre US$ 65 bilhões e US$ 130 bilhões de capital adicional nos próximos anos, com a exigência para dobrarem ou mesmo triplicarem seus fundos próprios.

A obrigação deverá vir em nova regulamentação no país. A ideia deve partir de uma comissão de especialistas encarregada de elaborar medidas para limitar o risco sistêmico que representaria a falência de um grande banco suíço para a economia do país, e pode sinalizar o que virá para outros bancos internacionais.

O Banco Central suíço não esconde o temor com a hipertrofia de seus dois grandes bancos e os riscos “insuportáveis” que trazem para o país. O setor bancário representa oito vezes o Produto Interno Bruto (PIB). Até recentemente, somente o balanço do UBS era 400% mais importante do que a riqueza produzida pelos suíços.

O ex-presidente do UBS, Peter Kurer, que foi demitido no ano passado, reapareceu na imprensa apontando base de capital insuficiente e necessidade de crescimento maciço das reservas dos bancos no país.

Disse que uma proporção de 10% dos fundos próprios em relação ao balanço era necessário, enquanto as autoridades de regulação até agora só tinham exigido 5% a partir de 2013.

O que o grupo de trabalho montado pelo governo está fazendo é definir novas exigências sobre os bancos “too big to fail” (grandes demais para quebrar), o que implicará mais colchão de capital. A imprensa suíça vazou já as opções, que representam uma alta substancial dos fundos próprios.

Para o analista Andreas Venditti, do Banco Cantonal de Zurique, “essas somas só poderão vir da redução enorme dos dividendos e dos bônus. Basta ver que o UBS e o Credit Suisse pagam até US$ 9 bilhões de bônus por ano, mesmo em crise. A questão será o prazo para levantar mais capital e a esperança de não haver crise no meio disso”, diz o analista. A comissão discute dar prazo de três a cinco anos para os bancos se adaptarem.

Após reunião dos maiores bancos centrais do mundo, há duas semanas na Basileia, o presidente do BC brasileiro, Henrique Meirelles, revelou que a ideia, em nível global, é de fato de imposição de meta de capital próprio que, enquanto não for alcançada, causará restrições na distribuição de dividendos e na compensação aos executivos dos bancos até que se capitalizem.

Quanto às “instituições bancárias sistemicamente importantes”, pelo tamanho e interconexão com o restante do sistema financeiro, terão fiscalização mais rigorosa, exigência adicional de capital e de liquidez. Na Suíça, a comissão quer alterar também a estrutura dos bancos. Atualmente, as perdas no estrangeiro repercutem na sede do banco na Suíça. Perdas de especuladores em Nova York podem causar problemas em Zurique.

A ideia agora é obrigar os grandes bancos a separar suas atividades do ponto de vista jurídico e econômico. Significa o fim do modelo de banco integrado e teria um custo: pelo menos US$ 80 bilhões para o UBS e o Credit Suisse, de acordo com analistas. O lobby dos bancos se intensificou nos últimos dias, na expectativa do relatório final da comissão, que terá em todo caso de passar pelo Parlamento.

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