Trabalhadores com deficiˆncia sÆo desrespeitados

 

De olho no cumprimento da cota, bancos estão despreparados para atender as necessidades

 

(São Paulo) Preocupados com as multas, os bancos brasileiros estão desesperados para cumprir a cota de contratação de funcionários portadores de deficiência, mas se mostram totalmente despreparados para recebê-los. Parece não ter fim a lista de reclamações dos trabalhadores nessas condições – que podem ser cerca de 20 mil em todo país, caso os bancos atinjam os 5% previstos pela legislação. Na cota de 5%, os bancos enquadram bancários em reabilitação por LER/Dort.

 

Cargos de baixos salários, falta de oportunidade para promoção, ausência de equipamentos adequados (como computadores com software para deficientes visuais, cadeiras, headfone), falta de estrutura apropriada (banheiro, corredores, rampas de acesso), chefias despreparadas, humilhação, ameaças, desconsideração de limites descrevem o descontentamento.

 

“No meu primeiro dia de trabalho minha chefe perguntou qual era meu limite. Respondi que não poderia ficar em pé por muito tempo. Apesar disso trabalhava das 9h às 18h, consultando arquivos, subindo e descendo escadas e ainda ouvia que tinha que ser mais rápida. Em apenas duas semanas, passei por cinco departamentos. E fui repreendida: ‘me arrependi de te ter contratado’”.

 

Assim relatou Raquel Araújo Magalhães, bancária do Santander Banespa afastada com síndrome de Klippel Trenaunhy – doença que provoca complicações ortopédicas e de circulação e se agravou após o trabalho no banco. Raquel estava entre os bancários que compareceram em peso à reunião sobre as condições de trabalho dos portadores de deficiência física em bancos, realizada pelo Sindicato nesta terça-feira, dia 24, na sede da entidade. Um novo encontro está previsto para o dia 26 de maio.

 

Integração – “Nesta primeira reunião ouvimos os trabalhadores para identificar suas dificuldades. Na próxima, vamos buscar soluções e construir reivindicações que serão levadas à mesa instalada entre bancários e Fenaban que debate igualdade de oportunidades. Os bancos inserem mais discriminam. Defendemos inserção com integração”, disse o secretário de Saúde do Sindicato, Walcir Previtale.

 

O auditor fiscal e integrante do programa de inclusão de pessoas portadoras de deficiência do Ministério do Trabalho, José Carlos do Carmo, participou do encontro e afirmou que não só a fiscalização do cumprimento da cota é prioridade, como também o respeito ao direito ao emprego em condições adequadas. “Enquanto os bancos ficam desenvolvendo propaganda de autopromoção, a gente ouve esses relatos que vão além do descumprimento dos direitos trabalhistas, desrespeitam os limites humanos”, disse.

 

Fonte: Elisângela Cordeiro – Seeb São Paulo

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram