Terceirização e demissões se opõem aos planos de liderança do Santander

Os boatos de transferência dos funcionários dos centros administrativos (CASAs) 1, 2 e 3, em São Paulo, para as recém-criadas subsidiárias Geoban, Gesban e Santander Global Facilities, que já atuam na Espanha e em outros países, somadas ao fechamento de 1.652 postos de trabalho em 2009, se opõem frontalmente aos planos de liderança do Santander no Brasil. A avaliação é da Contraf-CUT ao comparar as relações de trabalho com as expectativas dos dirigentes do banco espanhol.

Em reportagem publicada nesta quinta-feira, dia 20, pelo jornal Valor Econômico, o banco projeta voos mais altos. “Até 2013, queremos ser o melhor e mais eficiente banco do Brasil, e dar o maior retorno para o acionista”, afirmou Fabio Barbosa, presidente do Santander Brasil, em recente entrevista ao Valor.

“Para concretizar essas ambições, o banco precisa fazer a lição de casa, que passa pela manutenção dos empregos, com a realocação dos funcionários atingidos pelo processo de fusão para a rede de agências, a fim de garantir condições dignas de trabalho e melhorar o atendimento aos clientes”, analisa o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. “A terceirização está sendo abandonada por várias empresas, pois elas comprovaram que, além de gerar passivos trabalhistas, não agrega qualidade na prestação de serviços”, acrescenta.

Na última reunião do Comitê de Relações Trabalhistas (CRT) do Santander, ocorrida na terça-feira, dia 18, em São Paulo, a Contraf-CUT, sindicatos, federações e Afubesp alertaram o banco para a necessidade de preservar os empregos e não terceirizar os centros administrativos. Os representantes do banco confirmaram a existência de estudos e disseram que “não existe nada de concreto”.

Novas agências, novas oportunidades

O desligamento de trabalhadores também está na contramão da estratégia de expansão das operações. Conforme a reportagem, “os planos do Santander incluem a abertura de 150 a 180 agências em 2010, de um total de 600 em quatro anos”.

Para o dirigente sindical, “a abertura de novas agências, dentro do processo de bancarização no país, traz novas oportunidades e possibilita o aproveitamento de funcionários experientes e treinados, sendo importante diferencial para enfrentar uma concorrência cada vez mais acirrada”, aponta o dirigente sindical.

A reportagem mostra que, depois de reforçar a atuação na região Sudeste, “a etapa seguinte será a ampliação da presença no Nordeste, onde a participação de mercado do banco é de 7%. O Nordeste, que vem puxando a oferta de crédito no país, deve receber pelo menos 40 novas agências do Santander em dois anos. Em três, a meta do banco é dobrar o número de postos de atendimento no Norte e Nordeste do Brasil. Atualmente, eles são cerca de 130”.

Conforme a notícia, o banco completou 13 anos em atividade no Brasil. No período, foram 12 aquisições e uma bilionária oferta inicial de ações, feita em outubro de 2009, que transformaram o banco na terceira maior instituição financeira privada do país.

Processo de fusão na reta final

A reportagem aponta que a fusão promete novidades nos próximos meses. “O processo de integração das operações brasileiras do holandês ABN Amro, compradas em outubro de 2007, está entrando na reta final. Em julho, o verde e amarelo da marca Real nas agências ABN Amro dará lugar ao vermelho do Santander. Até setembro, a unificação das redes, incluindo o call center, deve completar o trabalho”.

“Os resultados da integração já começam a ser sentidos, com a economia de custos mostrando progresso significativo. No primeiro semestre deste ano, os ganhos de sinergia superaram a previsão inicial de R$ 1 bilhão e somaram R$ 1,3 bilhão. As despesas administrativas e com pessoal apresentaram redução de 3% em relação a março do ano passado. Para se ter ideia da relevância das operações brasileiras, elas já representam 21% do resultado do grupo”.

Para a Contraf-CUT, esses números comprovam que o banco não tem motivos para dispensar trabalhadores. “As demissões só objetivam reduzir custos para aumentar ainda mais os lucros do banco, revelando falta de responsabilidade e de contrapartidas socias para o desenvolvimento do país”, salienta Ademir.

Expectativa de crescimento do crédito

A reportagem traz uma série de expectativas do banco. Carlos Lopes Galán, diretor financeiro e de relação com investidores do Santander, diz esperar um crescimento da oferta de empréstimos do banco igual ou superior à média de mercado no decorrer do ano. Boa parte da aposta se concentra nas operações de cartão de crédito.
“Até 2012, o objetivo é ter 150 mil novas contas, 300 mil estabelecimentos comerciais credenciados e R$ 5 bilhões em empréstimos, além de uma participação de 10% no volume de transações do mercado de cartões”, diz o jornal.

“Também em cartões, o Santander saiu recentemente do capital da Cielo (antiga VisaNet) e lançou-se como um novo competidor nesse mercado, em parceria com a empresa de tecnologia GetNet. A ideia é amealhar empresas de pequeno e médio porte para a base de clientes do banco por meio do credenciamento de varejistas”, explica o jornal.

“Dentro desse conceito, foi lançado o Santander Conta Integrada, produto que oferece ao cliente vantagens como, em uma mesma conta corrente, receber os créditos tanto da bandeira Mastercard, da qual o banco já tem licença, como da Visa. A conta pode também ser isenta de tarifas caso o volume mínimo de transações da empresa seja de R$ 3 mil por mês com o uso da máquina. A meta é aumentar em 35% o número de clientes nesse segmento, hoje de 500 mil empresas, nos próximos três anos”, ressalta o Valor.

Ao final, a reportagem apresenta a pequena evolução do crédito. “O crescimento da carteira de crédito nos 12 meses encerrados em março, por exemplo, foi de apenas 3,6%. No segmento de pequenas e médias empresas, o comportamento foi negativo, com queda de 6,7% do saldo. Em teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre de 2010, Galán afirmou que os números começaram a mostrar recuperação em março”.

“Esperamos que o Santander amplie a oferta de crédito, a exemplo dos bancos públicos, e reduze as taxas de juros e o valor das tarifas, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do Brasil”, conclui o diretor da Contraf-CUT.

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