Sindicato do Ceará debate: novas tecnologias ameaçam a categoria, mas surgem novas formas de luta

Os impactos das novas tecnologias na vida dos bancários e como os trabalhadores devem se preparar para resistir e criar novas formas de luta foram os temas debatidos no último sábado, 4/2, no Sindicato dos Bancários do Ceará, através do Projeto Atualizando, idealizado pela Secretaria de Formação do Sindicato dos Bancários do Ceará (SEEB/CE).

Entre as convidadas estavam Regina Coeli Moreira, doutora em Ciência Política, assessora do Dieese e da Contraf-CUT sobre “Novas Tecnologias no Mundo do Trabalho e Seus Impactos” e Flávia Sousa Máximo Pereira, doutora em Direito do Trabalho sobre “Para Além da greve: Novas Formas de Luta Política dos Trabalhadores”.

“Os temas debatidos mostram para a categoria, que os tempos são de ameaças aos direitos dos trabalhadores e que precisamos nos preparar para esses desafios. Cada vez mais, nossas palavras de ordem são Resistir e Lutar”, ressaltou o secretário de Formação, Gabriel Rochinha.

Segundo a Dra. Regina Coeli, o setor financeiro, desde o final dos anos 80,  investe initerruptamente na implantação de novas tecnologias especialmente voltadas para o atendimento, visando redução dos custos, buscando retirar da agência os clientes que não vão lhes dar muitos negócios. Os bancos estão estimulando o autoatendimento e o atendimento via celular. Para os bancários, isso significa reduzir emprego, aumento da carga de trabalho, fim da jornada bancária de 6 horas e adoecimento.

No celular o atendimento e a jornada são 24 horas e, como consequência, pelo ritmo de trabalho alucinante surgem as doenças psicossomáticas, auditivas, psíquicas e, ainda, altera a vida social e familiar do bancário, que não pode mais se organizar, porque o trabalho absorve 24 horas.

Além disso, as funções tradicionais de bancário, como escriturário e caixa serão eliminadas pela tecnologia. Agora surgem novas habilidades, novas competências, em novas funções. O que se espera do bancário é que ele entenda de risco bancário, a fazer negócios no Brasil e no mundo e saber orientar onde e como investir.  Isso exige que ele se qualifique mais, mas não é remunerado proporcionalmente. Já o cliente paga para ser atendido, pois vai precisar de um celular bom e um pacote de internet adequado.

Novas formas de luta

Para a dra. Flávia Sousa, as novas formas de luta são no sentido de expandir a eficácia do direito de greve. Hoje só suspender ou deixar de trabalhar, em algumas categorias como é a bancária, não é mais eficaz. É preciso desenvolver outras estratégias de luta que sejam mais profícuas. Através de pesquisa, surgiu a proposta de greve que não envolva só a suspensão do trabalho, mas greves que em se trabalhe em ritmo lento ou até greves virtuais, onde os sites dos bancos fiquem lentos. “As formas de manifestação da insatisfação do trabalhador também evoluíram, abrindo um leque de possibilidades do trabalhador exercer o seu direito de greve”, lembrando que o objetivo é reconhecer o direito de greve e não apenas uma liberdade de luta.

O Capital comanda as reformas

Finalmente, foi destacado pela assessora do Dieese, Regina Coeli, que todas as forças da economia se submetem ao capital financeiro, que domina o mundo, impondo sua lógica perversa de lucro a qualquer custo e a curto prazo.  “A lógica do capital financeiro impõe redução aos bancos públicos, para não fazer sombra aos bancos privados, e é quem comanda as reformas da Previdência e trabalhista. A tendência mundial é aumentar a venda de previdência privada pelos bancos, aprovar o contrato de trabalho temporário e a prevalência do negociado sobre o legislado, com o fim de reduzir custos. Com isso, precariza-se o trabalho bancário”.

 

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