Sindicato de Curitiba recebe diariamente denúncias de abusos dos bancos

Durante esta Campanha Salarial, o Sindicato dos bancários de Curitiba e região (Seeb Curitiba) não pára de receber denúncias de planos de contingenciamento, principalmente do HSBC. Os bancários relatam pressão para comparecer em lugares diferentes ao seu local de trabalho, listas de trabalhadores convocados para ingressar no trabalho antes do expediente, a exploração de funcionários terceirizados, a insistência dos gestores para que bancários entrem por portas desconhecidas dos grevistas, entre outras denúncias.

Os bancários descrevem sua indignação com as atitudes dos bancos, seu pesar e sensação de impotência. Diante de ameaças e das coações dos gestores, se sentem intimidados e impedidos de exercer seu direito de greve e lutar por melhores condições de trabalho e de vida.

“Como forma de burlar a paralisação dos funcionários, o HSBC está obrigando seus funcionários a trabalharem em casa”, denuncia um bancário que pede para não ser identificado. E continua: “é o dia inteiro de ligações da gerência e fora isso, temos que utilizar nossos computadores para conectar aos do HSBC. Esta forma de acesso está se expandindo. Centenas de usuários estão sendo criados para esta finalidade. O pior, somos obrigados a trabalhar de noite, um horário importante para dividir com a família, se dedicar aos estudos. Estou indignado”.

Outro bancário conta as condições de trabalho que está sendo obrigado a enfrentar: “estamos trabalhando além de nosso horário, saímos de casa e não sabemos o horário de retorno, estamos trabalhando em condições precárias, mas é claro que nossos superiores nunca foram tão gentis conosco como estão sendo nesses dias”. E complementa: “infelizmente sabemos que, ao término da greve, muitos superiores nem lembrarão dos nossos nomes, mas também sabemos que se não colaboramos, os nossos nomes serão os próximos na lista de cortes anunciados pelo RH”.

“Os funcionários, por medo de supostas conseqüências, estão burlando a greve, recebem ligações às 5 da manhã, para locais diversos para contingência. Os gestores constantemente elogiam os funcionários que colaboram com promessas de reconhecimento e valorização. Com certeza essa é uma tática para iludir os funcionários que lutam por oportunidades e espalham os comentários e elogios dos gestores para os demais funcionários, que evidentemente, começam a aderir à contingência, fazendo com que o real motivo dos elogios seja atingido”, afirma outro bancário, que não quis ser identificado.

“Estamos trabalhando para atender a exigência de manutenção das atividades essenciais. Mas os gestores estão aproveitando esta oportunidade para assediar moralmente seus funcionários. Somos obrigados a fazer rodízio com os demais colegas, que participam, temendo represálias. Obrigam-nos a comparecer pontualmente, mas sem acordo entre si sobre as prioridades do dia, os gestores causam uma grande confusão. Ficamos mais de uma hora em pé diante do prédio ou circulando. Mas o pior acontece quando entramos: somos o tempo todo assediados exigindo produtividade. No fim do dia somos cobrados e criticados pela nossa produtividade, sem consideração ou respeito”.

“Um supervisor ligou perguntando o que estava acontecendo comigo. O motivo pelo qual eu não estava indo trabalhar e o porquê de eu não atender os telefonemas dela. Disse ainda que é minha obrigação manter contato com os gerentes para saber onde, quando e como está a contingência. Usou um tom agressivo e ameaçador e ordenou que eu fosse trabalhar imediatamente”.

Os depoimentos denunciam é prática anti-sindical e violência. Uma violência psicológica, que reduz o trabalhador a coisa, objeto. Como se o banco exercesse poder não apenas sob a força de trabalho do bancário, mas detivesse o poder de reger e dominar a “sua” vida.

Todos estes relatos são encaminhados para a assessoria jurídica do Sindicato e constituem prova de prática anti-sindical e de descumprimento de decisão judicial, já que o HSBC está proibido de alterar os horários de entrada e saída de seus funcionários durante a Campanha Salarial.

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