Sem proposta, BB cancela reunião com bancários da Nossa Caixa

A menos de 48 horas das discussões da mesa temática, o Banco do Brasil cancelou a reunião que teria com os representantes dos bancários da Nossa Caixa nesta quinta-feira, dia 17, para debater a incorporação do antigo banco paulista. No encontro de 3 de setembro, o BB se comprometeu a apresentar seu projeto na reunião seguinte. O cancelamento, segundo o banco, foi causado justamente pela falta de proposta da empresa.

Para a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Raquel Kacelnikas, o cancelamento da negociação é um desrespeito com os bancários da Nossa Caixa, que até agora não sabem qual o projeto do BB para a incorporação.

“Na última reunião, o Banco do Brasil disse que vai unificar o CNPJ em 30 de novembro e que durante o mês vai fazer uma campanha de esclarecimento sobre o termo de adesão ao regulamento de pessoal do BB para que os funcionários da Nossa Caixa assinem a partir de 2 de dezembro. Ou seja, temos um tempo muito curto e a negociação está parada. Se o banco não discutir conosco o projeto para a Nossa Caixa, vamos fazer campanha contra e orientar os bancários a não assinar o termo de adesão”, afirma Raquel.

A dirigente destaca que se as negociações não forem retomadas e o projeto de incorporação não for construído junto com os sindicatos, o BB encontrará sérias resistências por parte do funcionalismo. “Temos um histórico de lutas muito grande e a convicção de que os bancários da Nossa Caixa são de extrema importância para o Banco do Brasil. O BB quer crescer em São Paulo, onde ocupava a quinta colocação no mercado bancário na época da compra da Nossa Caixa. Para isso, o empenho dos bancários é fundamental e o banco só terá o envolvimento do funcionalismo se o projeto de incorporação for construído conosco de forma democrática e participativa”, garante.

Raquel comenta que todas as decisões dos bancários da Nossa Caixa passam por uma ampla discussão entre os sindicatos e os trabalhadores, que avaliam cada passo em assembléias que são realizadas por todo o Brasil. Por isso mesmo, a dirigente teme que o tempo curto para a incorporação possa atrapalhar um debate mais amplo com o funcionalismo.

“Existem muitas dúvidas sobre o processo de fusão, principalmente em relação às áreas administrativas, que ainda não estão definidas se ficam em São Paulo ou se vão para Brasília. Nós defendemos que esses setores fiquem por aqui, até porque o banco pretende expandir suas atividades em São Paulo. Isso mostra o tamanho das indefinições que temos pela frente e que precisamos superar, a não ser que o gerente do Projeto de Aquisições do BB, Guilherme André Frantz, tenha algum projeto pronto na manga. Mas isso não vamos admitir, não queremos que o banco faça nada sem discussão e à revelia dos bancários.”, diz.

Mobilização

O Banco do Brasil tem ganhado muito com a compra da Nossa Caixa. Tanto é que depois que os balanços foram unificados, em abril passado, o BB foi alçado ao primeiro lugar no ranking de rentabilidade entre os 20 maiores bancos de capital aberto da América Latina e dos Estados Unidos.

“Isso é resultado direto do trabalho dos bancários da Nossa Caixa, que há anos vêm se desdobrando para manter o banco rentável, mesmo com os constantes ataques e a péssima gestão do governo do estado de São Paulo”, ressalta Raquel, destacando que, com a unificação do balanço, os bancários da Nossa Caixa reivindicam a mesma Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos colegas do BB.

Tão importante quanto os bancários da Nossa Caixa, segundo Raquel, é a mobilização dos trabalhadores para garantir que o funcionalismo não seja prejudicado no processo de incorporação. “Coincidência ou não, todo esse debate está acontecendo em plena campanha salarial dos bancários. Os empregados da Nossa Caixa têm de aproveitar este momento e participar massivamente das assembléias e protestos que estão sendo promovidos pelo Sindicato. Nunca conquistamos nada de graça e, portanto, precisamos ampliar a mobilização para mostrarmos ao Banco do Brasil todo nosso poder de organização”, finaliza Raquel.

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