‘Se todos estão ganhando, trabalhadores também precisam ganhar’, diz Dulci

Presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, e ex-ministro Luiz Dulci

“Todos os setores da economia estão crescendo, inclusive o sistema financeiro. E se todos estão ganhando, por que só os trabalhadores não deveriam ganhar? Os empresários têm condições de conceder aumentos reais de salário sem repassar para os preços.” A afirmação foi feita nesta terça-feira 10 pelo ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Lula, Luiz Dulci, na abertura da reunião da Direção Nacional da Contraf-CUT realizada em São Paulo.

Na análise de conjuntura para os dirigentes sindicais, o mineiro Dulci fez uma ampla defesa do legado do governo Lula, “que deu certo porque implantou um novo modelo global de desenvolvimento” que aliou crescimento econômico, inflação baixa e inclusão social, derrubando na prática uma série de armadilhas que os defensores do neoliberalismo dos governos anteriores apregoavam como verdades absolutas.

Os mitos neoliberais caíram por terra

Uma dessas armadilhas, que segundo o ex-ministro ainda são defendidas hoje pelos conservadores e pela oposição, é a de que não é possível crescer com inflação baixa. “Pelo contrário, o período em que o país mais cresceu foi quando teve a menor inflação. Essa foi a primeira armadilha neoliberal que derrubamos”, afirmou.

Para Luiz Dulci, o governo Lula também jogou por terra outros mitos neoliberais:

> O de que o Brasil não podia crescer e ao mesmo tempo distribuir renda. “Não há nenhum setor da economia que não tenha melhorado. Todo mundo cresceu, só que os 10% mais ricos cresceram menos e os 10% mais pobres cresceram mais.”

> Exportar ou atender o mercado interno. “Fizemos os dois. Com financiamento do BNDES, aumentamos as exportações e ampliamos o mercado de consumo interno como o país nunca havia experimentando antes.”

> O Estado atrapalha e o mercado resolve. “Lula apostou nas empresas privadas onde era preciso e fortaleceu as empresas públicas, inclusive o Banco do Brasil e a Caixa Federal, que ajudaram o país a sair da crise aumentando a oferta de crédito.”

> Ou o Brasil se insere na economia mundial ou promove o desenvolvimento regional interno. “Os neoliberais diziam que o preço a pagar pelo desenvolvimento era sacrificar algumas regiões. Provamos o contrário, realizando o sonho de Celso Furtado. O Nordeste foi a região que mais cresceu e está deixando de ser apenas exportadora de matéria-prima para o centro-sul. Por exemplo, Campina Grande é onde está hoje a indústria de ponta de microeletrônica”.

> Ou o Brasil se integra de forma subalterna na nova ordem mundial globalizada ou vai se isolar no mundo. “Fizemos política externa soberana, com grande inserção em todo o planeta, e não nos isolamos. Pelo contrário, ajudamos a organizar o G 20 e os Brics e a fortalecer as relações Sul-Sul e os fóruns multilaterais.”

> “A última armadilha neoliberal que derrubamos foi que, mesmo respeitando o Parlamento, deflagramos um processo importante de participação social nas discussões das grandes questões nacionais por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e das inúmeras conferências país afora.”

‘Inflação brasileira não é de consumo’

Luiz Dulci, no entanto, tem consciência de que o Brasil tem ainda imensos problemas, “que são seculares e estruturais e não podem ser resolvidos em apenas oito anos”. E acredita que o governo Dilma continuará a avançar rumo ao desenvolvimento econômico, com inclusão social.

Para o ex-ministro, os trabalhadores vivem atualmente o desafio de conquistar melhorias salariais e de condições de trabalho em uma conjuntura de alta inflacionária. Mas ele advertiu que “a direita quer criar um clima de inflação fora de controle e transformar o assunto no centro do debate. Não podemos cair nessa falsa armadilha de que se deve ter aumento de salário ou controle da inflação”.

“A ideia neoliberal de que consumo gera inflação não se sustenta”, atacou o assessor do ex-presidente Lula. “O consumo pode aumentar, desde que se aumente a capacidade de produção e de oferta dos produtos.”

Dulci concluiu sua exposição afirmando que “é um equívoco pedir que os trabalhadores contribuam com o combate à inflação abrindo mão de aumento real de salário”. Segundo ele, nenhum trabalhador quer a volta da inflação, “o que seria um desastre para os assalariados e os mais pobres”, mas insistiu que “a inflação brasileira não é de consumo” e que aumento real “só seria inflacionário se não houvesse crescimento na economia. Mas todos os setores estão crescendo, e os trabalhadores têm direito a também ganhar com isso”.

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