Provisões levam BRDE a fechar primeiro semestre com prejuízo de R$ 8,2 milhões

O jornal Valor Econômico desta quarta-feira, dia 26, divulgou o resultado do Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) no primeiro semestre deste ano. O banco apurou prejuízo de R$ 8,2 milhões. De janeiro a junho de 2008 a instituição havia obtido lucro líquido de R$ 49,9 milhões.

Segundo a reportagem, o resultado foi ocasionado pela disparada das provisões para operações de crédito, provocada pela combinação do impacto da crise econômica com o efeito retardado das enchentes que arrasaram a região do Vale do Itajaí (SC) no fim do ano passado.

Controlado pelos governos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o banco opera principalmente com o repasse de linhas de longo prazo do BNDES e, segundo o superintendente financeiro Matheus Munhoz, registrou uma alta de 3,5% para 5% no nível de inadimplência de dezembro a junho. O índice considera as operações vencidas há mais de 60 dias, mas já apresentou um leve recuo para 4,7% em julho, disse o executivo.

Conforme Munhoz, muitas empresas do norte catarinense tiveram o fluxo de caixa prejudicado por conta do rompimento do gasoduto Bolívia-Brasil durante as enchentes (a tubulação ficou quase 20 dias interrompida). Com isso, os clientes da região responderam pela maior parte das operações de renegociação de dívidas fechadas pelo banco no semestre, que totalizaram R$ 192,8 milhões, explicou

O executivo disse ainda que como o banco não sofre “pressão” dos controladores pelo pagamento de dividendos, pode adotar uma política mais conservadora. As provisões somaram R$ 115,4 milhões no semestre, ante R$ 33,7 milhões no mesmo período de 2008. Empresas que pediram recuperação judicial no início do ano também tiveram suas operações provisionadas. Já as receitas da intermediação financeira avançaram 7,6%, para R$ 314,8 milhões.

Mesmo assim, o BRDE contratou R$ 1,3 bilhão em novas operações de crédito no semestre, com alta de 27% sobre igual período de 2008 e 19% acima da meta estabelecida para todo o ano. Com isso, nos últimos 12 meses, a carteira passou de R$ 4,1 bilhões para R$ 5,1 bilhões, com cerca de um terço colocado em cada um dos três Estados da região Sul, disse Munhoz. Em dezembro o estoque era de R$ 4,5 bilhões e até o fim do ano deve superar a marca dos R$ 5,5 bilhões.

O número de operações contratadas de janeiro a junho chegou a 4,9 mil, sendo 4,6 mil com o setor agropecuário, 110 com a indústria e o restante nas áreas de infraestrutura, comércio e serviços. Os valores mais altos foram para com a indústria, que absorveu R$ 454,8 milhões. Já as liberações cresceram 42% no semestre, para R$ 897,4 milhões. Em março o banco também começou a atuar no Mato Grosso do Sul.

De acordo com Munhoz, o crescimento do ritmo de contratações do BRDE no semestre foi influenciado pela freada dos bancos privados na liberação de empréstimos em função da aversão ao risco gerada pela crise.

A situação exigiu maior participação das instituições públicas no mercado, mas a tendência é de retomada dos padrões normais na segunda metade do ano, comentou o executivo. “Devemos voltar ao ritmo anual de R$ 800 milhões a R$ 900 milhões”, acredita.

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