Projeto do BC busca soluções para bancos falidos como Bamerindus e Nacional

Estado de São Paulo
Edna Simão, BRASÍLIA

O Banco Central (BC) está finalmente perto de se livrar da massa falida de seis bancos liquidados extrajudicialmente há mais de uma década. São casos de falências históricas, nas crises financeiras dos anos 90, que juntaram quase R$ 60 bilhões de dívidas só com o BC.

A saída está em um projeto-piloto apresentado ao BC para abrir a fila das soluções com o caso Bamerindus. O banco paranaense, de propriedade da família Andrade Vieira, entrou em dificuldades em 1994 e foi incluído no Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer).

Pela proposta em estudo no Banco Central, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), principal credor do Bamerindus, aceitou receber por último a sua dívida, que chega a R$ 4,6 bilhões. O FGC é um fundo bancado pelos bancos para dar garantia aos depósitos de correntistas.

Com o acordo, abre-se caminho para credores como o próprio Banco Central, os acionistas minoritários e os ex-empregados recebam antigas dívidas do Bamerindus.

Na fila para fechar acordos parecidos estão também os bancos Nacional, Econômico, Banorte, Mercantil de Pernambuco e BMD. A dívida total dessas seis instituições apenas com o BC somava R$ 57,319 bilhões em 31 de julho deste ano. Somente do Bamerindus, o BC tem a receber R$ 2,692 bilhões, além dos R$ 4,6 bilhões do FGC.

Após acordo com os principais credores do Bamerindus – basicamente Banco Central, Tesouro Nacional, BNDES e Caixa Econômica Federal – e retirada de ações judiciais contra o BC, seria iniciado o pagamento dos acionistas minoritários (donos de ações preferenciais). Entre os que estão no topo da lista está o Banco Central.

Se esse acordo vingar, o FGC conseguirá recuperar apenas entre 25% e 30% de seu crédito. Mas, mesmo assim, o diretor executivo do fundo, Antonio Carlos Bueno de Carvalho, considera a proposta um bom negócio.

“Essa é a chance que temos de receber alguma coisa”, afirmou. Segundo ele, transformando a liquidação extrajudicial em ordinária, o Fundo poderá deixar os ativos do Bamerindus líquidos e depois vendê-los em leilão.

Além disso, com o fim da liquidação extrajudicial, o FGC terá mais facilidade para negociar com os antigos devedores da instituição. Poderá, por exemplo, dar desconto ou ainda parcelar o recebimento, o que atualmente não é possível.

Segundo Carvalho, as conversas entre FGC, Caixa e BNDES já foram iniciadas e estão adiantadas. A expectativa dos envolvidos é que as negociações estejam concluídas até o fim do ano para que o projeto definitivo seja apresentado para aprovação da diretoria colegiada do Banco Central.

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