Professora da Unicamp analisa concentração bancária na América Latina

(São Paulo) O intenso processo de concentração no sistema financeiro mundial, em espacial na América Latina, foi o tema da apresentação da professora Maria Alejandra Madi, da Universidade de Campinas. A palestra fez parte da mesa temática “Conjuntura Internacional e o Sistema Financeiro”, que ocorreu nesta manhã do dia 22 como parte da 3ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais de Bancos Internacionais. A mesa foi formada por Oriette Ozonta Elizondo, do Sindicato de Bancos Populares da Costa Rica, e Eduardo Negro, da Associação Argentina La Bancária, além de Alejandra.

A professora chamou a atenção para a impressionante movimentação de capitais a partir de 2006, na forma de compra e venda de patrimônio. Segundo ela, grandes players globais e regionais intensificaram um processo de aquisição de outras instituições, ampliando fortemente a concentração do setor financeiro. Os bancos brasileiros aparecem compradores regionais, mas há outros, com destaque para a atuação cada vez mais intensa de bancos canadenses. Uma outra novidade nesse processo é o papel dos Estados, que participam do processo de concentração por meio dos bancos públicos, que passam a comprar outras instituições.

Nesse sentido, Alejandra vê um crescimento expressivo da participação de Citigroup e HSBC na América Latina, um aumento mais moderado da presença do BBVA e uma reorganização do Santander, que sai de alguns países e intensifica sua presença em outros.

Um outro fator que deverá intensificar ainda mais esse processo, segundo Alejandra, são os acordos de Basiléia II, que pretendem reorganizar as regras do sistema financeiro internacional. “Os acordos deixam claro que as assimetrias fazem parte do projeto neoliberal”, disse a professora. Ela explica que os bancos têm encontrado dificuldades em cumprir as cláusulas que pedem ampliação do capital. “Os grandes bancos têm mais facilidade para conseguir recursos. As empresas menores terão mais dificuldades e isso acabara aumentando a concentração”, avaliou.

A América Latina tem uma boa situação hoje, pois nunca teve tantas reservas acumuladas. Por isso mesmo foi menos atingida pela recente crise financeira internacional. Mesmo assim, os impactos dessa crise foram sentidos, na forma de perdas para bancos internacionais como JP Morgan e HSBC. “Mas é importante avaliar o impacto dessa concentração de mercados e renda numa região em que 44% das pessoas estão abaixo da linha da pobreza”, avaliou a professora

Fonte: Contraf-CUT

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