Para tentar furar a greve, bancos usam gestores, interdito, polícia e até helicóptero

Helicóptero transporta funcionários do Itaú Unibanco em São Paulo

Greve é um direito previsto pela Constituição Federal. Diz a Lei 7.783/89, em seu artigo 1º, que “é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. E, no artigo 2º, “considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços ao empregador”.

“Como se pode ver, os bancários de todo o Brasil estão exercendo um legítimo direito constitucional. Já que os bancos fizeram uma proposta rebaixada de 4,29%, que foi rejeitada pelos trabalhadores, e não voltaram a negociar, a saída da categoria foi fazer a paralisação”, afirma a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Raquel Kacelnikas.

Desrespeito

Mas apesar de esse direito estar previsto em lei, é desrespeitado pelos bancos de diversas maneiras. A mais comum é a pressão feita por gestores que mandam torpedos ou telefonam para os bancários cobrando que venham para os locais de trabalho ou permaneçam nos arredores para furar a greve na primeira oportunidade.

Essa oportunidade geralmente surge quando entra em ação outra artimanha usada pelos bancos para atrapalhar o movimento grevista: os interditos proibitórios. Essas ações judiciais são utilizadas de forma desviada de sua verdadeira função (que é a preservação do patrimônio), e acabam gerando muita violência na porta das agências bancárias e concentrações, já que algumas vezes vêm acompanhadas de autorização para uso da força policial para reabrir os locais parados. “E ainda por cima, cobram multas altíssimas do Sindicato, num claro objetivo de inviabilizar a representação dos trabalhadores”, explica Raquel.

No ar

E, para os locais em que nada disso funciona, os bancos – principalmente no Itaú Unibanco – alugam até helicópteros para levar os funcionários para dentro dos locais fechados, como foi feito em vários dias da greve e nessa quinta-feira 7 entre CAT e CTO e também no CAU.

“Já dissemos mais de uma vez: se os bancos utilizassem toda essa energia que concentram para furar a greve, e investissem em negociar seriamente, talvez a greve já tivesse acabado e os bancários recebessem o reconhecimento que merecem pelo trabalho que faz os lucros dos bancos engordar todos os anos”, ressalta Raquel.

“Apesar disso tudo, nossa greve cresce todos os dias, num claro recado aos banqueiros da insatisfação que toma conta dos seus funcionários. Os bancários estão dando um exemplo de força, de coragem e muita disposição para alcançar o que merecem: salários melhores, PLR maior e condições dignas de trabalho.”

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