Para impedir retrocessos, manifestantes saíram às ruas nesta quarta-feira (1)

A Avenida Paulista foi tomada por militantes e movimentos populares na noite desta quarta-feira, 1º de junho, com o objetivo de barrar a pauta conservadora imposta pelo governo golpista e em defesa e fortalecimento dos direitos.

Desde o início da tarde, integrantes dos movimentos de mulheres e das Frentes Brasil Popular SP e Povo Sem Medo, das quais a CUT integra, ocuparam as ruas para reafirmar a não aceitação das medidas impostas pelo presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB), que atentam contra os direitos sociais, além de prestarem solidariedade à adolescente violentada no Rio de Janeiro, na semana passada, por mais de 30 homens.

Pedindo o fim da cultura do estupro, o ato Por Todas Elas foi organizado por meio das redes sociais, mas ganhou o apoio dos coletivos e movimentos de mulheres. A manifestação cobrou punição aos criminosos e repudiou a conduta de parcela da sociedade que tenta colocar a adolescente, vítima do estupro, como culpada.

Segundo dados do 9º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no Brasil. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) emitiu nota na qual repudia o machismo e a misoginia que sustentam a cultura do estupro que torna todas as mulheres vulneráveis à violência.

Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/SP, Ana Lucia Firmino, o ato desta quarta também é uma luta contra as pautas conservadoras que estão no Congresso Nacional, que atacam diretamente os direitos das mulheres. “Aqui [na Paulista] tem várias mulheres, de vários movimentos e tendências, e isso mostra uma grande reação contrária a uma cultura que precisa acabar no Brasil, que é a do estupro. Infelizmente vivemos num País bastante machista, patriarcal e homofóbico”.

Na terça (31), o governo golpista apresentou a nova secretária de Políticas para Mulheres, Fátima Pelaes, que imediatamente ganhou repercussão nas redes por ser defensora de propostas conservadoras e já ter se declarado contra o aborto nos casos em que a mulher for vítima de estupro.

“Nós tivemos grandes lutas nos últimos tempos e conquistamos muitas coisas, enquanto que esse governo golpista chega querendo retirar os direitos das mulheres. Acontece que não iremos permitir”, afirma Elaine Cutis, secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Representantes CUTistas no ato. Elaine Cutis, à esquerda, e Ana Lucio Firmino – Fotos: Mariana Martins – Secom CUT/SP

Representantes CUTistas no ato. Elaine Cutis, à esquerda, e Ana Lucio Firmino – Fotos: Mariana Martins – Secom CUT/SP

Com gritos de repúdio a. deputados federais conservadores, como Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Jair Bolsonaro (PSC-RJ), intervenções artísticas e jogral, o ato seguiu pela Rua Augusta até a Praça Roosevelt, na região central da cidade. Os movimentos da Frente Brasil Popular SP também se agregaram ao ato.

PM contra o povo

Mais cedo, reivindicando a decisão autoritária do presidente ilegítimo Michel Temer, que cancelou as contratações de unidades do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, integrantes da Frente Povo Medo fizeram ocupação do escritório regional da Presidência da República, também na Avenida Paulista. No entanto, a Polícia Militar reprimiu fortemente os manifestantes com cassetetes e bombas de gás, deixando muitas pessoas feridas, com alguns sendo encaminhadas ao hospital.

Seis participantes foram levados para a 78ª delegacia e são acompanhados por advogados ativistas e deputados do Partido dos Trabalhadores (PT).

Mesmo com a investida violenta da PM do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), os manifestantes permaneceram ocupando o escritório, tanto dentro como do lado de fora do prédio.

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