Paernambuco: assembléia nesta terça, 17, para funcionários do BB

Trabalhadores do Banco do Brasil decidiram despertar da letargia e protestar contra as condições de trabalho impostas pelo banco. Em Pernambuco, assembléia no próximo dia 17 deve decidir o tamanho e as estratégias para paralisação no dia seguinte, 18 de junho. Nacionalmente, a Contraf/CUT – Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro – está convocando paralisação no dia 25. “Como o dia 24 é feriado municipal, decidimos antecipar a atividade. O Sindicato defende a paralisação durante todo o dia 18, nas várias agências do estado. Mas são os trabalhadores, na assembléia e nas unidades, que vão definir o tamanho do movimento”, afirma Marlos Guedes, presidente do Sindicato.

Entre as reivindicações, os bancários pedem o fim da lateralidade, que permite aos funcionários substituirem os colegas sem receber nada pelo acúmulo de funções. Exigem, também, uma Plano de Cargos e Carreiras justo, que unifique as diferenças entre os mais antigos e mais novos e permita aos trabalhadores progredirem no banco. Estão em xeque, ainda, as metas abusivas, o assédio moral, a extrapolação de jornada. “Cobramos mais contratações e não há motivos para o banco negar esta demanda. Ele não pode alegar falta de dinheiro diante dos lucros estrondosos divulgados. Nem pode dizer que há limite na dotação, já que 7 mil trabalhadores foram dispensados no PAA – Plano de Aposentadoria Antecipada”, diz Marlos.

O movimento, nacional, dos trabalhadores do BB, é uma resposta à política do banco que, para se manter entre os líderes do mercado financeiro, têm sujeitado seus empregados à condições penosas. Desde o chamado programa de reestruturação do banco, do qual o PAA foi uma das facetas, a situação só tem piorado. Em São Paulo, a novidade é a criação de caixas flutuantes. Estes trabalhadores deixam de ter uma unidade fixa, e podem ser remanejados para qualquer agência, de acordo com a demanda.

Em debate sobre assédio moral, durante o Encontro de Delegados Sindicais, as intervenções feitas pelos representantes de base do Banco do Brasil mostraram como um banco, que se proclama público, para se dobrar ao mercado passa por cima do respeito aos seus trabalhadores. Lá, pelo que falam os bancários, o assédio já se internalizou. Ele não mais se configura, necessariamente, na pessoa dos gerentes. O assédio vertical, praticado pelos próprios colegas, tornou-se comum. “Quem cumpre a jornada, não faz hora extra, nem se dobra aos padrões que o banco estabeleceu é hostilizado por todos. Inclusive preterido nos programas de formação ou de ascensão profissional”, afirma um delegado.

Outro fator novo que se coloca a respeito do tema é o que poderia ser descrito como um assédio em pirâmide. “O caixa é assediado pelo gerente, que é assediado pelo superintendente, que sofre a pressão da diretoria. E, quando uma denúncia de assédio moral vem à tona, o banco diz que esta não é a política da empresa, e que não tem responsabilidade sobre isso”, afirmou o diretor do Sindicato, Francisco Bitu.

No último dia 4, mensagem eletrônica enviada aos bancários pelo superintendente de Varejo da São Paulo I, Valmir Pedro Rossi, é prova viva do assédio institucional. O texto trata do lançamento do “Desafio Crédito Veículo”, que, segundo a mensagem, consiste no “estabelecimento de uma meta de contratação de operações de financiamento de veículos de R$ 50 mil por Gerente de Contas PF Exclusivo e Gerente de Contas PJ Empresa e MPE”. O prazo estabelecido para que os gerentes atinjam R$ 50 mil em vendas é de, na prática, oito dias úteis, de 4 a 16 de junho. Os gerentes que não atingirem a meta estabelecida deverão encaminhar uma Nota Técnica Pessoal no dia 17 para a direção justificando seu desempenho. No dia 18, reuniões serão realizadas em todas as regionais para avaliação dos resultados alcançados durante o Desafio.

“Por trás de um assediador há sempre uma empresa que permite que esta postura se desenvolva”, lembra Suzineide. O Banco do Brasil é um exemplo claro. “A política do banco é de jogar uns contra os outros, o operacional contra o comercial. É assim que ele cria o ambiente propício para que o assédio seja corriqueiro e a pressão passe a ser feita de colegas contra colegas”, diz João Rufino, secretário de Saúde do Sindicato.

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