Mulheres de Pernambuco comemoram conquistas e ainda lutam por igualdade

Muitos rostos, mas uma luta comum: igualdade de direitos e oportunidades

Em 1931, quando o Sindicato dos Bancários de Pernambuco foi fundado, quase não existiam mulheres trabalhando nos bancos. A discriminação era tão grande que nem direito a voto elas tinham. Desde o início da humanidade, as mulheres foram criadas para servir seus maridos, ser mãe e cuidar do lar.

A revolução feminista, iniciada no fim do século 19, começou a quebrar o padrão patriarcal da sociedade e se consolidou, nos anos de 1960, com uma verdadeira ruptura ao sistema, garantindo, para as mulheres, uma igualdade de direitos que, ainda, não está plenamente consolidada.

Por todos os avanços conquistados nas últimas décadas, o Dia Internacional da Mulher, neste domingo, 8 de março, guarda motivos de sobra para comemorações. “Mas não podemos, também, deixar de fazer uma profunda reflexão sobre o longo caminho que ainda temos para garantir a igualdade plena entre homens e mulheres”, avalia a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, a primeira mulher a ocupar o cargo nos 83 anos da entidade.

Para a secretária de Assuntos da Mulher do Sindicato, Sandra Trajano, mais do que uma data para se ganhar flores e presentes, o Dia Internacional da Mulher é um momento de reflexão. “É uma data para se discutir as desigualdades entre homens e mulheres, fazer um balanço do passado e planejar um futuro melhor, com uma sociedade mais justa e igualitária”, comenta Sandra.

A secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, destaca que, desde a fundação do Sindicato, muita coisa mudou para as mulheres. “Hoje, metade da categoria bancária é composta por mulheres que, em geral, são mais estudadas e preparadas que os homens. Vale lembrar que nossa categoria foi a primeira a conquistar uma cláusula de igualdade de oportunidades na Convenção Coletiva e a pioneira em garantir a ampliação da licença-maternidade para seis meses”, diz Suzi.

Discriminação nos bancos

Apesar de todos os avanços conquistados pelas mulheres nas últimas décadas, a igualdade plena de direitos e oportunidades com os homens ainda está longe de ser uma realidade. Em casa, a violência doméstica ainda ocorre em níveis alarmantes e o machismo contribui para que os avanços não aconteçam na rapidez necessária.

No mercado de trabalho, as mulheres continuam ocupando os cargos mais baixos e o salário delas, em geral, é bem menor que o dos homens, mesmo quando ocupam a mesma função.

Nos bancos, a situação não é diferente. O Censo da Diversidade, conquistado na Campanha Nacional de 2012 e aplicado pelos bancos no ano passado, mostrou que as mulheres apresentam melhor qualificação educacional em comparação aos homens nos bancos. No entanto, elas continuam ganhando menos: 77,9%, em média, do salário pago aos homens. “Além disso, é raríssimo encontrar mulheres nos cargos de direção dos bancos”, comenta Sandra Trajano, secretária da Mulher do Sindicato.

A última pesquisa sobre o emprego dos bancários, divulgada em novembro pela Contraf-CUT, confirma essa discriminação. Os dados mostram que, de janeiro a outubro do ano passado, os bancos admitiram homens com média salarial de R$ 3.801,97. Já as mulheres contratadas neste período tinham salário médio de 2.896,65, valor que representa 76,2% da remuneração masculina.

A pesquisa mostra também que as mulheres permanecem sendo discriminadas pelos bancos ao longo da carreira, pois a remuneração é bem inferior à dos homens no momento em que são desligadas dos seus postos de trabalho. De janeiro a outubro do ano passado, a média de salários dos homens no desligamento foi de R$ 6.037,88, enquanto a remuneração das mulheres foi de R$ 4.464,69, o que significa 73,9% da remuneração deles.

Essa absurda discriminação é totalmente inaceitável e reforça ainda mais a luta da categoria por igualdade de oportunidades na contratação, na remuneração e na ascensão profissional.

Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, é preciso que as mulheres ocupem todos os espaços na vida política e social para garantir avanços nesta batalha. “E o Sindicato é uma das bases desta luta, que não é só pelo salário: é pela liberdade de viver sem os padrões de opressão baseados no gênero. Por isso, bancária, venha para o Sindicato e ajude a construir um mundo mais justo e igualitário”, finaliza Jaqueline.

Homenagens

O Sindicato prestará uma homenagem às mulheres nos dias 10, 11 e 12 de março. Dirigentes da entidade estarão nas agências e departamentos dos bancos, acompanhados por um dueto de flauta e violino, para presentear as bancárias com um brinde especial.

Também será distribuído um jornal sobre o Dia Internacional da Mulher e sobre a situação das bancárias.

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