Leilão do INSS tem disputa acirrada entre os bancos

Valor Econômico
Mônica Izaguirre e Alex Ribeiro, de Brasília

Disputa acirrada e oferta de preços bem mais altos pelas regiões Sul e Sudeste marcaram o primeiro dia da licitação para escolha dos bancos que farão o pagamento dos novos benefícios da Previdência Social a partir de 2010. Determinado a expandir operações no Paraná, o Itaú se dispôs a pagar ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) R$ 2,70 por cada aposentadoria ou pensão que for paga por intermédio de sua rede de agências naquele Estado, região correspondente ao décimo-sétimo de um total de 26 lotes colocados no leilão iniciado ontem.

O Mercantil do Brasil, por sua vez, jogou alto para ficar o Lote 8, que abrange o ABC Paulista e outras cidades mais próximas à capital. Numa briga com o Bradesco, que chegou a R$ 2,40, o BMB ganhou essa essa área comprometendo-se a pagar R$ 2,41 por benefício. O melhor valor ofertado pelo lote 8 superou inclusive a proposta vitoriosa do lote 7, correspondente à área da capital do Estado, que o Bradesco levo por R$ 2,06.

O Mercantil é um banco com rede restrita de agências na região da Grande São Paulo, por isso seu apetite chamou a atenção. Na visão de uma fonte que acompanhou a disputa, isso poderá abrir espaço para o segundo colocado na disputa. As regras do leilão dizem que, se o primeiro colocado não tiver rede de agências para atender os aposentados e pensionistas, quem prestará o serviço será o segundo colocado na disputa.

Para se ter uma ideia da diferença entre regiões, o mesmo Bradesco levou o lote 16, correspondente à Bahia, propondo-se a pagar R$ 0,17 por benefício. No total, a instituição ficou com cinco dos 18 lotes levados ontem a pregão. Além de vencer a disputa pela capital e pela Bahia, o Bradesco também levou o direito de ser o agente pagador da Previdência na área do lote 1, que abrange os Estados de Roraima, Amapá, Amazonas, Tocantins, Rondônia e Acre, na do lote 2 (Sergipe e Alagoas) e na do lote 3 (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul), ofertando, respectivamente, R$ 0,11, R$ 0,38 e R$ 0,56 por benefício.

O apetite do Bradesco surpreendeu os demais participantes do leilão. “O representante do Bradesco não levou nenhuma planilha de cálculo para dar os lances”, disse uma fonte que acompanha o leilão. “Ele tinha um cheque em branco na mão.”

Em relação ao Paraná, a briga do Itaú foi com o Banco do Brasil, que chegou a oferecer R$ 2,69 por benefício pago. O Itaú também levou a melhor na disputa pelo lote referente ao Estado do Rio de Janeiro, comprometendo-se a pagar R$ 1,72. Nessa área, o Bradesco ofereceu R$ 1,71.

Até dois dias antes do leilão, ainda havia dúvidas se os bancos privados iriam participar do leilão. A expectativa era que os bancos públicos iriam ser os únicos a oferecer lances, com grande chances de leilão deserto.

“A surpreendente concorrência de alguns bancos privados mostra que a estratégia, daqui por diante, será cada vez mais em buscar a bancarização da população e os nichos de menor renda”, disse o vice-presidente de finanças da Caixa Econômica Federal, Marcio Percival. Embora a Caixa tenha levado apenas um lote, em Santa Catarina, ele avalia que a instituição cumpriu seus objetivos. “Ficamos em segundo lugar em várias regiões”, disse, lembrando que o segundo colocado é chamado a assumir os serviços caso o primeiro colocado não tenha rede de agências.

No leilão, que prossegue hoje, serão definidos os bancos que irão administrar, por 20 anos, os benefícios que venham a ser concedidos nos próximos cinco anos. Os cálculos do INSS é que, mensalmente, são concedidos 377 mil benefícios.

A expectativa é que o leilão de ontem e hoje estabeleça os preços de referência a serem pagos pelos bancos na administração da atual folha de pagamentos, formada por 26,6 milhões de benefícios previdenciários.

Até fins de 2007, a Previdência pagava R$ 250 milhões por ano para os bancos pagarem os benefícios. Um acordo suspendeu os pagamentos e, a partir de 2010, deverá ser definida um novo sistema em que os bancos pagam para administrar a folha do INSS.

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