Itaú Unibanco supera estrangeiros e lidera ranking de emissão externa do Brasil

Bloomberg
Verónica Navarro Espinosa, de Nova York

O Itaú Unibanco Holding S.A. ultrapassou o Citigroup Inc. e o Goldman Sachs Group Inc. na coordenação de captações externas brasileiras este ano. Os bancos do País estão roubando mercado dos bancos internacionais afetados pela crise financeira global.

O Itaú, maior banco brasileiro por valor de mercado, subiu quatro posições no ranking para se tornar o quarto maior coordenador de emissões de títulos no exterior pelo governo e empresas do País, posição mais alta para um banco local desde que a “Bloomberg” começou a acompanhar os dados em 1999. O Itaú, sediado em São Paulo, participou de US$ 4,8 bilhões em captações este ano, ficando atrás somente do HSBC Holdings Plc, Banco Santander SA e J.P. Morgan Chase & Co.

Quatro bancos brasileiros estão entre os dez principais coordenadores, o maior número desde 1999. Eles se beneficiam do aumento nas captações externas, que este ano dobraram para US$ 16,9 bilhões, de acordo com dados compilados pela “Bloomberg”. Bancos brasileiros tiveram desempenho melhor durante a crise financeira do que os estrangeiros, e nenhum deles apareceu numa lista compilada pela Bloomberg das instituições globais que tiveram os maiores prejuízos.

“Os bancos brasileiros ganharam espaço quando os outros estavam se concentrando em seus problemas internacionais,” Ceres Lisboa, analista de bancos da Moody’s Investors Service em São Paulo, disse numa entrevista por telefone. Eles “preencheram o espaço.”

O Banco do Brasil subiu da 11ª posição entre coordenadores de dívida externa em 2009 para a sétima, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O Banco Bradesco S.A., segundo maior do País por valor de mercado, subiu da 13ª para oitava posição e o Banco Votorantim S.A. é o 10º colocado depois de não ter coordenado nenhuma transação em 2009.

A presença dos bancos brasileiros nas captações externas “ganhou velocidade durante e depois da crise porque alguns dos bancos estrangeiros reduziram substancialmente sua capacidade,” Alberto Kiraly, diretor de banco de investimento do Banco Votorantim em São Paulo, disse numa entrevista por telefone. Os bancos brasileiros “fizeram progresso importante,” disse ele.

O Citigroup, banco sediado em Nova York que registrou mais de US$ 100 bilhões em perdas com crédito e baixas contábeis relativas à crise das hipotecas de segunda linha nos Estados Unidos, despencou do quarto lugar em 2009 para o 11º, de acordo com dados compilados pela “Bloomberg”.

O Goldman Sachs, também de Nova York, que divulgou perdas e baixas de US$ 9,1 bilhões, caiu da sexta para a nona posição. O Credit Suisse, o banco sediado em Zurique que deu baixas contábeis de US$ 20,4 bilhões, caiu do terceiro lugar em 2007 para o 10º lugar em 2009 e para a 22ª posição no último levantamento.

” O Brasil é um mercado prioritário para o Citigroup,” Alex Samuelson, um porta-voz do banco em Nova York, escreveu num e-mail em resposta a perguntas.

Uma porta-voz do Credit Suisse em Nova York se recusou a fazer comentários para esta reportagem. O porta-voz Michael Duvally não respondeu imediatamente a e-mails solicitando comentários.

Alexandre Aoude, chefe global de renda fixa do Itaú em São Paulo, disse que não vai ser fácil para os bancos estrangeiros voltarem ao mercado como era no passado. As nove transações do Itaú este ano incluíram uma oferta de US$ 500 milhões da Marfrig Alimentos S.A., quarto maior frigorífico do mundo, e uma venda de US$ 750 milhões pela BRF Brasil Foods S.A..

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