Itaú deu dois dias de licença a seqüestrável

Há pouco mais de um ano, o Serviço de Inteligência do BB descobriu que havia um gerente do banco em Barra Mansa que era considerado “seqüestrável” pelas quadrilhas de assaltantes de bancos que atuam na região. Imediatamente, o bancário foi transferido para outro município, em outra região do estado. Outra vítima potencial que estava na mesma lista era a gerente do Posto de Atendimento Bancário do Itaú na prefeitura da cidade. Quando teve acesso à informação, o departamento do BB entrou em contato com o Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense, que alertou a funcionária.

A bancária, que já era aposentada, mas ainda trabalhava, procurou seus superiores e pediu providências. O banco se limitou a deixá-la de licença por dois dias, não tomando nenhuma outra medida para garantir sua segurança. Diante da situação, a trabalhadora decidiu desligar-se do banco. Mas acionou a empresa, pedindo indenização pela omissão. O processo ainda está em andamento.

Danos maiores

No assalto que aconteceu em São Gonçalo na última sexta-feira, uma novidade: além de manter o gerente e seus familiares como reféns durante a madrugada, os assaltantes aproveitaram para roubar objetos de valor da casa do trabalhador. Quando ele voltou para casa com os nervos em frangalhos, depois de ser interrogado por seus superiores durante toda a manhã e de prestar depoimento na delegacia, ainda teve que lidar com mais este problema.

Este tipo de procedimento é raro. Os bandidos não costumam dar atenção aos bens dos bancários, concentrando-se no que podem apurar com o assalto ao banco. Esta mudança no modus operandi dos criminosos é mais um fator de preocupação para os trabalhadores que são as vítimas potenciais – e desprotegidas – da ação de quadrilhas especializadas.

Medidas preventivas

Os seqüestros de bancários por quadrilhas de assaltantes não são novidade para o movimento sindical. A causa é simples: as chaves das agências e dos cofres ficam sob a responsabilidade dos funcionários. Os bandidos só precisam descobrir quem é o responsável e segui-lo, para conhecer sua rotina e planejar a ação.

“É preciso criar uma legislação que determine que as chaves das agências fiquem com empresas de segurança”, defende Custódio Carvalho, advogado criminalista que presta serviços aos sindicatos do Rio de Janeiro e de Niterói. Enquanto isto não acontece, o advogado sugere dificultar a atuação dos assaltantes. “Os bancos poderiam estabelecer um rodízio de funcionários, pra que as chaves nunca fiquem com a mesma pessoa por um período longo” propõe Custódio.

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