Itália é campeã de assaltos a bancos na União Europeia em 2009

Os maiores bancos da Itália não estão entre os nove maiores da Europa em valor de mercado. Eles estão em primeiro lugar por outro critério: roubos.

Assaltos a bancos italianos foram responsáveis por quase metade de todos os roubos na União Europeia no ano passado, de acordo com um relatório de 30 de junho do entidade setorial Fiba, de bancos. O relatório concluiu que os bancos italianos têm muito dinheiro vivo em agências demais.

A Itália registrou 1.744 assaltos a banco no ano passado, mais de seis vezes o número de ocorrências na Alemanha e 20 vezes mais do que no Reino Unido, informou a Fiba. Os bancos italianos perderam 36,8 milhões de euros (US$ 46,8 milhões) para os ladrões no ano passado, segundo dados compilados pela Associação Bancária Italiana (ABI).

“Quanto menos dinheiro circula nas agências, menos roubos teremos”, disse Pierfrancesco Gaggi, diretor de infraestrutura da ABI, sediada em Roma, em entrevista.

A abundância de agências nos bairros com mínima presença da polícia tornam os bancos italianos presa fácil para os ladrões, disse Alessandro Spaggiari, secretário nacional da Fiba, em Roma.

O Intesa Sanpaolo, maior banco da Itália em número de agências, tem 5.921 delas em seu mercado doméstico, mais do que o dobro do que o francês BNP Paribas, e cerca de mil a mais do que o Banco Santander tem em sua rede espanhola.

O Santander é o segundo maior banco da Europa em valor de mercado após o HSBC Holdings, com sede em Londres, e o BNP Paribas, com sede em Paris, é o terceiro, ao passo que o Intesa em Milão, é o 14º , mostram dados compilados pela Bloomberg. O UniCredit é o maior banco da Itália, nono no ranking da região, após o Credit Suisse, em Zurique.

Os bancos italianos gastam mais de ? 700 milhões por ano em equipamentos contra roubo, como câmeras de circuito fechado e alarmes, disse Spaggiari. Pouco desses recursos vão para as agências menores, uma vez que esses locais têm uma quantidade de dinheiro relativamente limitada, disse ele.

Isso é bom para os criminosos, pois os assaltos a bancos italianos são eventos de “pequena monta”, em que dois em cada três assaltos rendem menos de ? 15 mil, de acordo com um relatório de 10 de junho da ABI. Muitos dos autores são amadores, frequentemente armados com pouco mais do que facas.

Uma mulher de 41 anos roubou três bancos na área de Turim num dia em maio, enquanto seu filho de sete meses de idade esperava no carro.

“Eu não tenho um emprego estável”, disse a ladra à polícia quando foi presa após a tentativa do quarto assalto no dia. “Eu não sabia como sobreviver com uma criança pequena.” A polícia não quis revelar a identidade.

Com o desemprego aproximando-se de 9% e a economia somente agora emergindo de sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, os roubos praticados por “pessoas desesperadas” estão aumentando, disse Mario Furlan, fundador da CityAngel, em Milão, uma organização sem fins lucrativos que ajuda pobres e desabrigados. Em muitos bairros carentes, roubar um banco sequer é considerado um crime, disse Furlan.

A ABI está tentando fazer com que os italianos, que gostam de usar dinheiro, adotem cartões de crédito e outros meios que não o dinheiro para melhorar a segurança e colocar a Itália no mesmo patamar do resto da Europa. Os italianos fazem em média de 66 transações que não envolvem dinheiro vivo por pessoa por cada ano, ou cerca de um terço da média na zona do euro e quatro vezes menos do que no Reino Unido, segundo um relatório do Banco da Itália (o banco central italiano).

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