I Congresso Iberoamericano sobre Assédio Moral começa no México

Começou na quarta-feira, dia 6, o “I Congreso Iberoamericano sobre Acoso Laboral”, na Cidade do México. O encontro está sendo realizado na Escola Nacional de Antropologia e História e conta com a participação de dirigentes da Contraf-CUT, Fetec-CUT/SP e Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Um dos primeiros painéis do congresso foi “Da violência laboral ao suicídio do trabalho no Brasil” e contou a participação da médica Margarida Barreto. Para ela, a violência laboral tem que ser vista no contexto da organização do trabalho. “Isso traz sofrimento muito grande que tem levado até ao suicídio”, alertou. A especialista em assédio moral no trabalho defendeu que a academia e os sindicatos precisam ouvir mais os trabalhadores para combater essas práticas nas empresas.

Margarida também destacou o livro “Do Assédio Moral à Morte de Si – Significados Sociais do Suicídio no Trabalho”, organizado por ela, Nilson Berenchtein Netto e Lourival Batista. A obra trata sobre as questões da violência, do assédio moral e principalmente do suicídio, relacionados com o trabalho. O livro busca fundamentos para contrapor a argumentação criada de que adquirir transtornos em ambiente de assédio seria sinal de “fraqueza” do trabalhador.

Nesta quinta-feira, dia 7, o secretário de saúde da Contraf-CUT, Plínio Pavão, participa da mesa “Experiência dos Sindicatos de Bancários do Brasil no Combate ao Assédio Moral e às Metas Abusivas”, juntamente com os secretários de Saúde Fetec-CUT/SP, Crislaine Bertazzi, e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Walcir Previtale Bruno.

Os brasileiros irão enfatizar o combate ao assédio moral e à violência organizacional, bem como a luta contra as metas abusivas. Essa mobilização obteve a inclusão da Cláusula de Prevenção aos Conflitos no Ambiente de Trabalho na Convenção Coletiva do Trabalho de 2010, que levou à assinatura de acordos inéditos entre vários bancos e sindicatos, a partir de janeiro deste ano.

A cláusula prevê a criação de canal de denúncias via sindicatos, que as repassam para os bancos preservando a identidade dos denunciantes, com o compromisso por parte dos bancos de investigar os casos apresentados. O banco acolhe a denúncia, abre processo de investigação e no prazo de 60 dias informa o resultado ao sindicato com as providências adotadas.

“Vamos falar um pouco da nossas experiências para representantes de outros países e também aprender bastante com os relatos de outros pontos de vista sobre o problema”, antecipa Plínio.

Walcir avalia que a oportunidade será importante para trocar experiências mundiais no combate ao assédio moral, que tem adoecido trabalhadores e apresentado reflexos nas relações familiares, afetivas e sociais.

Para Crislaine, assédio moral não é exclusividade das empresas brasileiras. “A gente vê trabalhadores do mundo inteiro adoecendo da mesma forma, com prejuízos às suas relações sociais por conta dessa prática de violência organizacional. Os bancários no Brasil já deram um passo à frente na defesa de seus direitos e agora temos a oportunidade de trocar experiências com outras categorias para garantir que mais trabalhadores sejam preservados”, observa.

“Toda esta discussão e troca de experiências entre as entidades geraram enorme acúmulo em nossos debates sobre o assunto. Hoje o bancário no Brasil sabe o que é assédio moral e da nossa luta para combatê-lo”, avalia Plínio.

As instituições que promovem o evento são: Red del Programa de Mejoramiento del Profesorado (PROMEP), Secretaría de Educación Pública do México, Universidad Juárez del Estado de Durango, Universidad Autónoma del Estado de México, Universidad Autónoma de Sinaloa, Facultad de Ciencias Políticas y Sociales, Facultad de Ciencias de la Conducta, Universidad Autónoma del Estado de México, Escuela Nacional de Antropología e Historia.

Entre as entidades co-convocantes está o Núcleo de Estudos Psicossociais da Dialética Exclusão/Inclusão Social – NEXIN da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, do qual Margarida Barreto é coordenadora adjunta.

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