HSBC usa marketing para responder aos protestos dos banc rios

(Curitiba) Em material publicitário especial veiculado nesta quarta-feira (28) e encartado no jornal O Estado do Paraná, o banco inglês diz que "O HSBC participa de uma maratona e não de uma corrida de 100 metros". Independente da extensão da corrida, os trabalhadores bancários sabem que se trata da modalidade com muitos obstáculos.

Nesta segunda-feira (26), o banco HSBC completou 10 anos de Brasil. Nos jornais sindicais divulgados em todo o país, estava estampado manchete que dizia "Banco submete funcionários à corrida com barreiras". A matéria se referia a dez grandes problemas enfrentados junto ao banco nestes dez anos. Dentre eles, a acusação de que funcionários teriam roubado o banco, a extinção da bolsa educacional, o não pagamento da segunda parcela da PLR de 2001 e o cárcere privado, que ocorreu durante a Campanha Salarial de 2005.

 

Hoje, dois dias depois, o banco veiculou em jornal de grande circulação em Curitiba um encarte especial com reportagens sobre o banco. No jornal, o HSBC afirma: "O HSBC participa de uma maratona e não de uma corrida de 100 metros. Nos últimos dez anos, a marca HSBC cresceu e se consolidou gradativamente no Brasil. Um caminho galgado em bases sólidas de uma experiência financeira global, com mais de 140 anos, em sinergia com o espírito empreendedor dos profissionais brasileiros".

Fica evidente que o movimento sindical movimentou o marketing do banco, ou ao menos que a analogia veio muito a calhar. Afinal, independente da modalidade, o banco tem imposto muitos obstáculos aos seus trabalhadores nestes dez anos. A última "bomba" foi o sonoro não ao 13º tíquete alimentação (cesta natalina) ou até a antecipação do tíquete, no final do ano passado. Além disso, o "empreendedorismo" dos profissionais brasileiros não foi valorizado imediatamente pelo banco.

 

A presidente do Sindicato dos Bancários, Marisa Stedile, cobrou no protesto de segunda-feira, realizado diante do HSBC Palácio Avenida, que os bancos internacionais tenham mais respeito em relação aos direitos dos trabalhadores e aos costumes do nosso país. Ela enfatizou a importância de ações de valorização dos funcionários, ao mesmo tempo em que rechaçou atitudes de imposição de novos métodos de trabalho que não se adequam a realidade brasileira e constituem assédio moral.

Já Carlos Kanak, diretor do Sindicato e membro da COE/HSBC destacou que ao fazer uma análise dos 10 anos de HSBC no Brasil, o banco não incrementou nada de significativo para os trabalhadores. "Pelo contrário, ele tirou as bolsas educacionais em 98 – reconquistadas dois anos depois na Justiça – e só paga a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) por conquista sindical”. E complementou: “Quando o HSBC chegou, mudou a forma de trabalhar, foram instituídos controles internos e houve acirramento das metas”, lembrou. Na base de Curitiba, o HSBC emprega 6,5 mil pessoas nas 30 agências e nos centros administrativos. No Brasil, são 28 mil funcionários. “O Bamerindus chegou a ter mais de 40 mil funcionários nas décadas de 80 e 90. O banco diz que não há ‘enxugamento’, mas a questão tecnológica afeta diretamente o quadro de funcionários”, arrematou.

Dia de Festa
Em outro espaço do encarte, o HSBC afirma que "todos os pontos de vista concordam em uma coisa: hoje é dia de festa". Os trabalhadores não concordam e exigem motivos verdadeiros para comemorar. As prioridades da Comissão de Organização de Empresa do HSBC já estão elencadas e agora basta o banco ser, nas negociações, tão comprometido com seus colaboradores como afirma na publicação e assegurar "um clima organizacional agrádavel e um ambiente pleno de harmonia e motivação".

Fonte: Patrícia Meyer – Seeb Curitiba

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