Contraf denuncia intransigência dos bancos e pede apoio do Congresso à greve

A Contraf-CUT enviou nesta segunda-feira 5 carta a todos deputados federais e senadores da República para denunciar a intransigência dos bancos nas negociações sobre a Campanha Nacional dos Bancários, pedir apoio à greve e solicitar que intercedam junto às instituições financeiras, “a fim de que retomem imediatamente as negociações e apresentem uma proposta decente aos trabalhadores para resolver o impasse”.

Em mais um esforço para buscar o apoio político da sociedade brasileira à justa greve da categoria, que nesta segunda-feira completou 12 dias, a Contraf-CUT afirma na carta aos parlamentares que o sistema financeiro, “o setor mais lucrativo da economia brasileira, que lucrou R$ 19,3 bilhões no primeiro semestre deste ano, não pode desrespeitar quem produziu esses resultados gigantescos, às custas da pressão de metas abusivas e de assédio moral”.

Na mensagem, assinada pelo presidente Carlos Cordeiro, a Contraf-CUT acrescenta que a intransigência “revela falta de responsabilidade social dos bancos não somente com os seus trabalhadores, mas também com os clientes e a sociedade, que sofrem igualmente com a cobrança de altas taxas de juros, tarifas exorbitantes, filas intermináveis e insegurança nas agências e postos de atendimento”.

Veja abaixo a íntegra da carta aos deputados federais e senadores:

Carta para deputados e senadores

Ao cumprimentarmos Vossa Excelência, queremos pedir-lhe apoio para a greve nacional dos bancários que ocorre em todos os 26 estados e no Distrito Federal e entrou nesta segunda-feira no 12º dia de paralisação.

O movimento é forte e organizado e continua porque os bancos permanecem intransigentes e ainda não fizeram uma proposta decente para os trabalhadores. Eles ofereceram apenas reajuste de 4,5%, o que só repõe a inflação do período, sem nada de aumento real. Além disso, querem reduzir a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) em relação ao ano passado e ainda pretendem diminuir o período do auxílio creche/babá de 83 para 71 meses.

Os bancários recusaram essa proposta rebaixada em todo o país. O setor mais lucrativo da economia brasileira, que lucrou R$ 19,3 bilhões no primeiro semestre deste ano, não pode desrespeitar quem produziu esses resultados gigantescos, às custas da pressão de metas abusivas e de assédio moral. Essa situação revela falta de responsabilidade social dos bancos não somente com os seus trabalhadores, mas também com os clientes e a sociedade, que sofrem igualmente com a cobrança de altas taxas de juros, tarifas exorbitantes, filas intermináveis e insegurança nas agências e postos de atendimento.

Com a força da greve, as negociações com o Comando Nacional dos Bancários foram retomadas na quinta e sexta-feira da semana passada, em São Paulo, mas os bancos mais uma vez frustraram as expectativas dos trabalhadores e não apresentaram proposta. Eles insistiram em reduzir a PLR, não querem conceder aumento real, se recusam a dar garantias de emprego e se negam a valorizar os pisos salariais e a melhorar as condições de saúde, segurança e trabalho. Em razão da intransigência dos banqueiros, o Comando Nacional orientou os sindicatos a fortalecerem ainda mais o movimento nesta semana.

A comissão de negociação da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) informou que agora os presidentes dos bancos vão se reunir, provavelmente nesta segunda-feira, para avaliar a possibilidade de formular uma nova proposta. Após a reunião, haverá contato com o Comando Nacional para marcar uma nova rodada de negociação.

Os bancários reivindicam reajuste de 10% (inflação do período mais aumento real), maior participação nos lucros, valorização dos pisos salariais, garantia de emprego diante dos processos de fusões de bancos, mais contratações de trabalhadores para reduzir as filas e melhores condições de saúde, segurança e trabalho.

Pedimos o seu importante apoio para a greve nacional dos bancários, bem como a intercessão junto ao presidente da Fenaban, Fábio Barbosa, e aos presidentes de todos os bancos, especialmente o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco, o Itaú Unibanco, o Santander e o HSBC, a fim de que retomem imediatamente as negociações e apresentem uma proposta decente aos trabalhadores para resolver o impasse.

Está na hora de o sistema financeiro, que não foi afetado pela crise, investir nos seus trabalhadores, fazendo uma proposta que atenda as expectativas da categoria, além de melhorar a prestação de serviços para a sociedade, através da ampliação do crédito com juros mais baixos, redução de tarifas, diminuição do spread bancário, geração de empregos e renda e melhoria do atendimento.

Contamos com o seu valoroso apoio.

Atenciosamente

Carlos Cordeiro
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)

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