Contraf-CUT critica prêmio “Melhores Empresas para Trabalhar” ao Itaú

A Contraf-CUT recebeu com surpresa e indignação a notícia de que o Itaú foi premiado como uma das “Melhores Empresas para Trabalhar”, concedido pela Great Place to Work em parceria com a Revista Época. A cerimônia de entrega da condecoração foi realizada no último dia 19, no Espaço das Américas, em São Paulo, com a presença dos principais executivos do banco.

“Mesmo obtendo lucros cada vez mais altos, o banco vem reduzindo drasticamente o número de funcionários e tornando ainda mais insuportáveis as já péssimas condições de trabalho”, critica Carlos Cordeiro, funcionário do Itaú e presidente da Contraf-CUT.

No primeiro semestre de 2013, o resultado foi de R$ 7,055 bilhões, o segundo maior lucro semestral da história dos bancos brasileiros. Esse resultado faraônico contrasta com o emprego no banco. Nos últimos dois anos, conforme dados do balanço, o Itaú eliminou 13.500 empregos. Em junho de 2011, o banco tinha 101.500 funcionários. Já em junho de 2013, esse número caiu para 88 mil, “na contramão da economia brasileira que não parou de abrir vagas no mesmo período”, segundo Cordeiro.

Com menos funcionários, as condições de trabalho pioraram ainda mais, aumentando os números de afastamentos por problemas de saúde devidos ao alto nível de estresse e à pressão constante no trabalho. “Como pode uma empresa norte-americana premiar um banco brasileiro que é campeão em demissões e um dos líderes do sistema financeiro em assédio moral e imposição de metas abusivas que adoecem milhares de funcionários?”, questiona o presidente da Contraf-CUT.

Enquanto recebia o prêmio, o Itaú foi condenado pela 44ª Vara do Trabalho de São Paulo a pagar R$ 1 milhão por descumprir normas e diretrizes do Ministério do Trabalho e Emprego que estabelecem requisitos ergonômicos para um ambiente de trabalho saudável aos funcionários. A decisão vale para todos os departamentos e agências localizados no Estado.

Como se não bastasse, os funcionários estão sofrendo com os horários estendidos de atendimento, baixados unilateralmente pelo banco em centenas de agências de todo país. A mudança trouxe sobrecarga de serviços, impactando no emprego, jornada, organização de trabalho e, principalmente, na qualidade de vida dos trabalhadores, além de fragilizar ainda a segurança de bancários e clientes. “De um dia para o outro, muitos perderam cursos, faculdades e sentiram que sua vida pessoal se transformou num caos”, denuncia Cordeiro. “Foi mais uma medida do banco que não combina com uma empresa premiada como entre as melhores para trabalhar”, ressalta.

Não é o primeiro título internacional que as entidades sindicais contestam. Em 2010, o Itaú foi escolhido como a instituição financeira mais sustentável da América Latina e dos mercados emergentes, concedido pelo jornal Financial Times (FT) e International Finance Corporation (IFC), ganhando o prêmio “FT Sustainable Banking”.

A escolha foi criticada pela Contraf-CUT e alvo de manifestações do movimento sindical em 2011. “O reconhecimento do jornal inglês com o prêmio de sustentabilidade não confere com a realidade dos bancários no país, obrigados a conviver rotineiramente num ambiente de medo e sobrecarga de trabalho pela falta de funcionários. Além disso, os sindicatos vêm recebendo denúncias de que gerentes operacionais estão deixando suas funções para assumir atendimento nos caixas.”

Para Cordeiro, “esse novo prêmio não pode ser levado a sério, pois se os que o concederam tivessem consultado quem de fato vive o dia-a-dia das agências e departamentos do Itaú descobririam que trabalhar no Itaú faz muito mal à saúde, que os funcionários estão insatisfeitos com a sua remuneração, pois não condiz com a sua produtividade, e que os únicos satisfeitos na verdade são os altos executivos que recebem bônus milionários e os acionistas que abocanham a maior fatia dos lucros astronômicos do banco”.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram