Brasil é país com maior vantagem salarial para diplomados, diz OCDE

BBC Brasil
Daniela Fernandes, de Paris

O Brasil é o país com a maior diferença salarial entre pessoas com diploma universitário e as com grau de instrução inferior, segundo um estudo feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta terça-feira.

De acordo com o secretário-geral da organização, Angel Gurría, a diferença salarial existente no Brasil entre pessoas com ensino superior e as demais representa “o triplo da média dos países da OCDE”.

A vantagem salarial média nos 34 países da OCDE entre pessoas que cursaram o terceiro grau e as com nível de instrução menor é de 67% no caso dos homens e de 59% entre as mulheres.

O estudo “Olhar sobre a Educação 2012” da OCDE analisou os dados de 42 países. Nem todos forneceram, no entanto, números sobre todos os aspectos pesquisados. Apenas 32 países forneceram dados no quesito que indica o Brasil com a maior diferença salarial entre pessoas com curso universitário e as demais.

Recessão

O relatório aponta também que a diferença de salários entre pessoas com ensino superior e as demais aumentou durante a recessão econômica mundial.

A vantagem salarial de homens com ensino superior passou de 58% em 2008 para 67% em 2010 nos países da OCDE.

No caso das mulheres com ensino superior, a diferença salarial em relação às demais passou de 54% para 59% entre 2008 e 2010 nos países da organização.

Apesar das condições incertas do mercado desde 2008, a maioria das pessoas com diplomas de curso superior “continua obtendo benefícios financeiros muito vantajosos”, diz o secretário-geral da OCDE.

Investimentos maioresO Brasil também se destaca no estudo em relação a investimentos realizados na educação.

O país registrou o quarto maior aumento em gastos na educação no período de 2000 a 2009 entre os 33 países do estudo que forneceram estatísticas a respeito.

Os investimentos em educação no Brasil passaram de 10,5% do total dos gastos públicos em 2000 para 16,8% em 2009, diz o estudo.

Na OCDE, a média de gastos com educação é de 13% do total da despesa pública.

O Brasil, segundo o estudo, também é o país que mais ampliou os gastos por aluno no ensino primário e secundário entre 29 países que forneceram dados a respeito.

Os gastos no Brasil com alunos do ensino primário e secundário aumentaram 149% entre 2005 e 2009, diz o relatório, que ressalta, no entanto, que o nível anterior era bem abaixo do observado em outros países.

Ensino superiorApesar da ampliação considerável dos investimentos em educação, o Brasil está entre os países que menos aumentou os gastos com alunos do ensino superior, ocupando a 23ª posição em uma lista de 29 países.

Houve, na realidade, uma queda de 2%, já que o nível de gastos com alunos do ensino superior não acompanhou o aumento de 67% no número de universitários entre 2005 e 2009, diz o relatório.

Segundo o estudo, o Brasil investe 5,5% de seu PIB na educação, abaixo da média de 6,23% do PIB nos países da OCDE.

“Como muitos países da OCDE, a maior parte dos investimentos brasileiros é feita no ensino primário e secundário. No caso do Brasil, isso representa 4,23% do PIB, mais do que a média de 4% da OCDE”, diz o estudo.

“Em contraste, o Brasil investe apenas 0,8% do PIB no ensino superior, o quarto nível de investimentos mais baixo entre 36 países (que forneceram dados sobre o assunto).”

O Brasil também só investe 0,04% do PIB em pesquisas e desenvolvimento, a menor fatia do PIB entre 36 países do estudo, afirma a OCDE.

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