BC registra alta dos juros para consumidores após medidas restritivas de crédito

Consumidores pagaram juros mais altos em janeiro deste ano, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (24). A taxa média de juros para as famílias subiu 3,2 pontos percentuais de dezembro para janeiro e chegou a 43,8% ao ano. No caso das empresas, o aumento foi 1,4 ponto percentual, para 29,3% ao ano.

A inadimplência das empresas subiu apenas 0,1 ponto percentual, para 3,6%, e, no caso das pessoas físicas, ficou estável em 5,7%. O BC considera inadimplência os atrasos superiores a 90 dias.

O spread, diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada dos clientes finais, subiu de 28,4 para 31,4 pontos percentuais para as pessoas físicas. No caso das empresas, aumentou de 17 para 18,1 pontos percentuais.

O volume de crédito do sistema financeiro chegou a R$ 1,714 trilhão, o que corresponde a 46,5% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Em dezembro de 2010, essa relação ficou em 46,7% e em janeiro do ano passado, em 44,2%.

Segundo o relatório do BC, “a evolução moderada das operações de crédito do sistema financeiro, em janeiro, refletiu o impacto das medidas macroprudenciais implementadas em dezembro de 2010 no crédito a pessoas físicas, registrando-se retração nas concessões, simultaneamente com a expressiva elevação das taxas de juros”.

No caso das empresas, o Banco Central avalia que “as operações com recursos domésticos apresentaram desaceleração, associada ao arrefecimento sazonal do ritmo de negócios”.

No final do ano passado, o BC anunciou medidas para reduzir a liquidez no mercado financeiro e inibir o surgimento de trajetórias de crescimento do crédito não sustentáveis. A instituição aumentou a exigência do requerimento de capital das instituições financeiras de 11% para 16,5%, para a maioria das operações de crédito a pessoas físicas. Isso significa que, para cada R$ 100 emprestados, o banco deverá ter R$ 16,5 e não mais R$ 11 para arcar com riscos.

A medida estabeleceu que, para empréstimo com prazos mais longos, principalmente para a compra de veículos, os bancos terão que reservar mais recursos para cobrir riscos.

Também foi anunciado o aumento de alíquotas de depósitos compulsórios, recursos que os bancos são obrigados a deixar no BC, e assim não podem usar o dinheiro para emprestar aos clientes.

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