Bancos são os que menos empregam. Bancários querem mais contratações

A economia brasileira gerou 203.218 novos postos de trabalho em julho, elevando para 1.564.606 o número de novos empregos nos sete primeiros meses de 2008, segundo o balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Isso representa um aumento de 5,4% em relação a dezembro do ano passado e a maior quantidade de empregos novos criados no Brasil desde o primeiro semestre de 2004.

O segmento da economia que mais gerou postos de trabalho foi a agricultura (271.970), um aumento de 18,14% em relação a dezembro passado. O setor de serviços como um todo empregou 490.105 novos trabalhadores com carteira assinada – incremento de 4,29% no mesmo período.

Mas as instituições financeiras, o segmento que mais ganha dinheiro na economia, contrataram apenas 16.403 trabalhadores entre janeiro e julho, aumento de apenas 2,88% – índice que é a metade da elevação de emprego da economia.

Ratificar a Convenção 158 da OIT

Um dos principais eixos da pauta de reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários deste ano é a contratação de mais bancários, para aliviar a sobrecarga de trabalho, além da proteção do emprego, acabando com demissões e com a rotatividade. Para isso, é imprescindível a ratificação da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que impede demissões imotivadas.

De janeiro de 2007 a maio de 2008, 42% dos tipos de desligamentos na categoria bancária foram sem justa causa. Destes desligamentos, 44,8% foram de bancários com menos de 30 anos e 57% tinham até cinco anos de vínculo, o que demonstra a alta rotatividade no setor.

“Os bancos vivem reclamando que contratar trabalhador é caro, que demitir é caro, por causa dos encargos sociais, mas são responsáveis por essa brutal rotatividade nas empresas. Isso é incompreensível e precisa acabar”, afirma Vagner Freitas, presidente da Contraf/CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

Fim das demissões e da rotatividade

A reivindicação pela contratação de mais trabalhadores e pelo fim das demissões é uma resposta efetiva à queda das condições de trabalho dos bancários. Um número cada vez menor de bancários está nas agências e departamentos para lidar com um crescimento grande do setor bancário, com mais contas e operações de crédito.

Dados apresentados pelo Dieese/SP durante o Encontro Temático sobre Emprego, realizado na 10ª Conferência Nacional dos Bancários, demonstraram uma redução dos postos de trabalho em 44% nos últimos 15 anos no setor bancário. Em 1990, eram 753.636 trabalhadores bancários no país. Em 2002, o número caiu para 398.098. Após uma retomada no crescimento, em 2006, hoje são 422.219 bancários trabalhando.

De acordo com o instituto, o grande investimento dos bancos em novas tecnologias, principalmente na década de 90, o crescimento dos correspondentes bancários e do processo de terceirização, as privatizações e o cenário de fusões e aquisições no setor bancário são os vilões da redução de postos de trabalho na categoria. “Os bancários estão nitidamente sobrecarregados de trabalho. O resultado disso são estresse e doenças ocupacionais para os trabalhadores e queda da qualidade do atendimento para os clientes”, avalia Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf/CUT.

Comitês de Relações Trabalhistas

Duas novas cláusulas foram incluídas na minuta. Uma delas reivindica a criação de Comitês de Relações Trabalhistas em todos os bancos, para manter um canal constante entre trabalhadores e empresas para a resolução de conflitos. A outra exige a garantia de emprego de no mínimo três anos para todos os trabalhadores em caso de fusões entre empresas.

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