Bancos espanhóis de poupança podem estar ocultando perdas imobiliárias

Bloomberg
John Glover

Os bancos de poupança espanhóis podem estar ocultando prejuízos com financiamentos imobiliários, separando hipotecas vencidas e não pagas das transações securitizadas, segundo a CreditSights, uma firma independente que trabalha com análises de bônus.

Ao carregarem os empréstimos ruins em suas próprias contabilidades, as chamadas “cajas” fogem do rebaixamento de seus títulos lastreados em hipotecas, afirma a CreditSights em um relatório. Os bancos regionais ajudaram a alimentar a bolha imobiliária espanhola, que estourou depois do colapso do mercado subprime nos Estados Unidos.

A CreditSights acompanha uma amostra de 143 títulos lastreados em hipotecas residenciais garantidas por ? 136 bilhões (US$ 170 bilhões) em empréstimos, com cerca de 45% deles originados pelas cajas.

Embora os bancos de poupança forneçam poucas informações sobre a situação de suas carteiras de empréstimos, relatos de investidores sobre o desempenho da dívida securitizada sugerem que a qualidade dos ativos está mais fraca que nos bancos comerciais, afirma a CreditSights.

“As hipotecas originadas pelas cajas estão se saindo muito pior que aquelas concedidas pelos bancos comerciais espanhóis”, escreveram no relatório os analistas David Watts, John Raymond e Hana Galetova. Ao comprar hipotecas fora dos “pools”, “elas podem ter reduzindo artificialmente o nível dos empréstimos ruins em títulos lastreados em hipotecas residenciais, minando ao mesmo tempo a qualidade dos próprios ativos das cajas”, escreveram eles.

Uma comparação dos empréstimos originados pelos bancos comerciais e cajas mostra que as inadimplências nas hipotecas dos bancos de poupança estão maiores que as dos bancos comerciais há pelo menos quatro anos, afirma o relatório. A queda da renda provocada pelos pacotes de austeridade do governo “sem dúvida nenhuma precipitarão um aumento das inadimplências”, afirma a CreditSights.

Para as cajas, a proporção das hipotecas com os pagamentos atrasados em mais de 90 dias ou executadas atingiram o pico de 4,2% no terceiro trimestre do ano passado e está agora em 3,7%. A taxa de inadimplências graves para os bancos comerciais estava em 2,3% no terceiro trimestre e agora está “nivelada” em 2,6% segundo a CreditSights.

“Ao comprar os empréstimos do pool hipotecário, as cajas estariam levando esses empréstimos mais fracos para as suas próprias contabilidades”, diz a CreditSight. “A atual taxa de inadimplências graves de 3,7% poderá achatar o desempenho das carteiras hipotecárias das cajas e subavaliar suas potenciais perdas.”

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