Bancários participam de audiência pública sobre assaltos a bancos no RS

A Comissão de Serviços Públicos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, presidida pelo deputado Fabiano Pereira (PT), promoveu na manhã desta quinta, dia 1º de abril, uma audiência pública para debater a segurança pública no Estado, com foco no problema dos assaltos a bancos em municípios do interior do estado.

Estiveram presentes representantes do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Federação dos Vigilantes do Rio Grande do Sul, Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), Polícia Rodoviária Federal. Também participaram os deputados Pedro Pereira (PSDB) e Luis Augusto Lara (PTB).

Fabiano propôs um projeto conjunto das forças de segurança para combater os assaltos a bancos no interior gaúcho. De acordo com o parlamentar, a cidade de Campinas (SP) possui uma central integrada de vigilância por câmeras, onde atuam simultaneamente as polícias Civil, Militar, Corpo de Bombeiros, Samu, Defesa Civil e departamento de Trânsito.

“Caso adotada no RS, a medida diminuiria custos e apliaria a velocidade de resposta a qualquer incidente”, afirmou o deputado. Fabiano destacou ainda a importância de investimentos nos setores de inteligência dos órgãos policiais, facilitando a troca de informações e a antecipação dos movimentos das quadrilhas.

Desde o início de 2010, já ocorreram 31 assaltos a bancos no RS, sendo que mais da metade aconteceram em municípios do interior.

Bancários

Para o diretor jurídico do SindBancários e representante da Federação dos Bancários do RS no Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Lúcio Mauro Paz, a audiência deixou uma boa impressão. “A Comissão de Serviço Públicos é parceira para continuar os debates e melhorar a segurança. E nós, cada vez mais, queremos participar de fóruns, reuniões e encontros para levar a visão dos trabalhadores”, explicou Lúcio.

O dirigente sindical considera importante que o problema seja visto pela ótica de quem realmente é atingido diretamente pela violência, o bancário e os vigilantes. “O representante da Febraban afirmou que foram investidos milhões em segurança e que os índices estão diminuindo. Tanto nós, do SindBancários, como o Sindicato dos Vigilantes, questionamos essa informação; perguntamos aonde é que está indo esse dinheiro”, afirmou.

Lúcio apresentou a estatística de ataques a bancos do SindBancários, feita com base em informações da imprensa e dos bancários, mostrando que a realidade é outra. Conforme a levantamento, o número de assaltos e arrombamentos aumentou quase 50% nos três primeiros meses de 2010, quando foram registradas 31 ocorrências, em comparação ao ano anterior, em que aconteceram 20 casos.

O dirigente do SindBancários cobrou mais investimentos por parte dos bancos, visando dar mais tranqulidade para clientes e bancários. Para Lúcio, “os bancos precisam assumir sua responsabilidade com a vida dos seus funcionários, clientes e vigilantes. A própria legislação vai nessa direção. Cada vez mais, há um aprimoramento nas leis, sugerindo que sejam instalados dispositivos que nos protejam, como portas giratórias, blindagem nas fachadas e câmeras de vídeo”.

“Quem acompanha os encontros da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP), na Polícia Federal, em Brasília, sabe que a cada dois meses, quando acontecem as reuniões, os bancos são multados em mais de 2 milhões por descumprirem a legislação. Esse dinheiro seria melhor investido na aquisição de equipamentos que protejam a vida dos funcionários e o patrimônio das instituições”, ressaltou Lúcio.

O diretor do SindBancários lembrou ainda que é importante interligar o sistema de monitoramento por câmeras, possibilitando que a polícia acompanhe toda movimentação flagrada por equipamentos públicos ou privados em tempo real. Lúcio pediu que as autoridades busquem uma alternativa para que a entrega de malotes contendo valores não seja feita pela mesma porta utilizada pelos clientes ao acessarem as agências bancárias.

“Cobramos dos bancos um investimento na vida, ou seja, portas blindadas, seguranças qualificados e sistema eletrônico de vigilância”, concluiu Lúcio.

Vigilantes

O presidente da Federação dos Vigilantes do Rio Grande do Sul, Evandro dos Santos, acredita que o aumento de ocorrências no interior é um reflexo da falta de investimentos. “Este ano, 45 agências bancárias foram alvo de criminosos no interior do Estado. Em Porto Alegre, onde há maior segurança e qualificação, o número foi menor”, revelou.

Polícia

Para o titular da Delegacia de Repressão a Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), Juliano Ferreira, os assaltos a agências bancárias no estado estão diminuindo consideravelmente. A queda, por ano, no número de assaltos é de 30%. No mês de março, diversas agências ou estabelecimentos com terminais eletrônicos sofreram com ataques ousados. Nos arrombamentos, os criminosos utilizaram dinamite e outros tipos de explosivos.

Ele destacou que os ataques que ocorreram nos últimos meses no Rio Grande do Sul caracterizam-se mais como furto e que essa modalidade de assalto teve início em outras regiões do país, tendo sido adotada por quadrilhas gaúchas nos últimos anos.

Para a polícia, houve uma redução significativa no número de ocorrências ao longo dos anos.. “Não conseguimos identificar ainda estas quadrilhas”, disse o delegado. A polícia também não conseguiu vincular as empresas que trabalham com dinamite em pedreiras aos crimes”, explicou.

Bancos

O diretor de Segurança da Febraban, Pedro Oscar Viotto, disse que os bancos brasileiros investem anualmente R$ 7,5 bilhões em segurança, valor 133% maior do que há sete anos, o que não impede o aumento dos assaltos. O objetivo é dar cobertura a 20 mil agências bancárias e 170 mil terminais de autoatendimento instalados no país. “Com uma série de medidas, como instalação de equipamentos de segurança nas agências bancárias, trabalhos desenvolvidos em conjunto com as forças policiais e trabalhos de inteligência na desarticulação de quadrilhas, nós temos percebido a diminuição do número de ocorrências, desde o ano 2000”, assegurou.

Conforme dados da Febraban, em 2000, o País teve 1.903 agências bancárias assaltadas. Ao longo de 10 anos, a redução chegou a quase 75%. Em 2009, o Brasil teve 420 crimes contra bancos. O País possui 20 mil agências, 170 terminais bancários e 80 mil vigilantes.

Conforme Viotto, “a Febraban, além de investir em tecnologia, também investe na formação de profissionais que trabalham na segurança das agências bancárias”

Uma das reivindicações de bancários e vigilantes é a criação de uma rede de monitoramento interligada com órgãos de segurança. “É preciso estudar a tecnologia e de que forma ela traria eficácia”, respondeu Viotto.

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