Bancários do HSBC realizam Dia Continental de Lutas nesta quarta

Os bancários do HSBC nas Américas realizam nesta quarta-feira (29) um Dia Continental de Lutas. A mobilização foi aprovada na 8ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais de Bancos Internacionais (Santander, HSBC, Banco do Brasil e Itaú), ocorrida em Montevidéu, no Uruguai, no mês de julho.

Os trabalhadores protestam por mais respeito aos direitos e às leis dos países em que atuam, por mais empregos e por melhores condições de trabalho, sem terceirizações nem substituições de funcionários por máquinas, e pelo fim imediato das práticas antissindicais. O jornal Rede Global Bancária está sendo distribuído pelos sindicatos aos bancários.

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Segundo Miguel Pereira, secretário de Organização da Contraf-CUT e funcionário do HSBC, a mobilização dos trabalhadores no Brasil terá como foco principal a cobrança por mais empregos e melhores condições de trabalho. Também discute os problemas com os programas de remuneração variável e as questões referente a provisões para créditos em liquidação duvidosa (PDD), que comprometem a PLR e o PPR/PSV. “Além disso, também serão tratadas as inúmeras denúncias em que o banco está envolvido atualmente”, afirma o dirigente sindical.

PDD

Os valores destinados para PDD aumentaram em 63,4% no primeiro semeste deste ano, atingindo a cifra de R$ 1,8 bilhão, ou seja, três vezes o valor do lucro. A PDD é um velho truque contábil usado pelos banqueiros para maquiar resultados.

No mesmo período o índice de inadimplência aumentou apenas 1,2 ponto percentual, atingindo 4,8% no semestre.

Para o Dieese, fica claro que o HSBC está usando a PDD para reduzir seus lucros no Brasil, não mantendo qualquer relação com a carteira de créditos em atraso, que deveria ser a referência para a formação destas reservas.

“É vergonhoso ver o banco se utilizar dessa possibilidade legal para diminuir o seus lucros e dos esforços sobre-humanos dos bancários para atingir metas irem para o ralo. Se isso não ocorresse, somente os valores pagos a título de PLR poderiam ser muito maiores, atingindo o teto de 2,2 salários”, critica Miguel.

Emprego e condições de trabalho

Quanto ao emprego, os dados do balanço mostram que, apesar do exorbitante lucro no Brasil de R$ 602,5 milhões no primeiro semestre deste ano, o banco eliminou 1.836 postos de trabalho entre junho de 2011 e junho deste ano, na contramão da economia brasileira que gerou empregos.

“Não é à toa que as condições de trabalho estão péssimas, beirando o insuportável e a cada dia o nível de adoecimento é maior. E quando isso acontece, os funcionários ainda são discriminados e perseguidos pelo banco, como apontou a recente denúncia feita pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba ao Ministério Público do Trabalho”, aponta Miguel.

O fato de a PDD ser uma das contas de despesas dos balanços, além de baixar o lucro líquido, compromete não só o pagamento da PLR da categoria bancária prevista na Convenção Coletiva de Trabalho, como pode até inviabilizar o pagamento dos programas próprios de remuneração variável, como o PPR e o PSV.

Apesar das mudanças paliativas feitas pelo HSBC para o PPR/PSV 2012, como a não compensação apenas para os gerentes entre a PLR e o seu programa próprio (PSV) e o pagamento diferenciado aos funcionários da área de atendimento das agências, com esse volume de provisionamento corre-se o risco de ao final do programa ninguém ganhar nada.

Denúncias

Somente no último mês, um número enorme de denúncias em diversas partes do mundo levou o HSBC a ser manchete de forma negativa nos principais jornais.

Nos EUA, o Senado americano apura o envolvimento do HSBC em crimes de lavagem de dinheiro do narcotráfico mexicano e ligações com o terrorismo internacional, por ocultação de operações com o Irã no montante de U$ 16 bilhões. O Banco já reservou U$ 700 milhões para pagamento de multas que serão aplicadas. Especialistas dizem que esse valor poderá atingir U$ 1 bilhão.

No México, foi aplicada multa de U$ 28 milhões, a maior da história daquele país, pelo HSBC ter sido o maior canal de transferência de dólares do México para os Estados Unidos em meados dos anos 2000.

Na Inglaterra, o banco reservou U$ 1,3 bilhão para compensar clientes pela venda enganosa de seguro de empréstimos a indivíduos e produtos de hedge de juros a pequenas empresas.

No Brasil, o HSBC é apontado como provável banco em que se movimentavam a maior parte dos recursos das empresas citadas no escândalo político ligado ao contraventor Carlinhos Cachoeira. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara já solicitou averiguação ao Banco Central.

“Ainda no Brasil, temos a espionagem feita pelo banco inglês com 164 trabalhadores afastados para tratamento de saúde, cuja apuração se encontra no Ministério Público do Trabalho do Paraná”, ressalta Miguel.

Para o dirigente sindical, muitos são os episódios em que o banco se encontra totalmente fora da lei. “Não basta o executivo-chefe do HSBC, Stuart Gulliver, se lamentar ou pedir desculpas. O fato é que ninguém foi punido até o momento”, conclui Miguel.

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