Bancários debatem defesa do emprego e regulamentação do sistema financeiro

O presidente da CUT, Artur Henrique da Silva, destacou dois desafios do movimento sindical durante a 12ª Conferência Estadual dos Bancários de São Paulo, ocorrida no sábado, dia 17, na capital paulista. O primeiro é preparar suas campanha salariais e continuar lutando pela implementação da agenda sindical – redução da jornada, fim do fator previdenciário e implementação da Convenção 158 da OIT, que inibe dispensas imotivadas e coíbe a alta rotatividade.

“A rotatividade ainda é enorme, e reduz salários. O desafio neste segundo semestre é fazer boas campanhas salariais”, disse. Cerca de 96% das categorias conquistaram aumento real de salários, mas a renda nacional ainda é menor que a renda do capital. Precisamos ampliar a participação dos trabalhadores na renda nacional”, completou Artur Henrique.

Ele destacou que o segundo desafio é deixar claro que dois projetos estão em debate na sociedade brasileira, para impedir o retrocesso e a volta dos responsáveis pela política neoliberal.

Regulamentação do SFN

A necessidade de colocar o Sistema Financeiro Nacional (SFN) em favor do desenvolvimento do país foi defendida durante a conferência.

“Do jeito que está, o Sistema Financeiro Nacional não é suficiente para apoiar o elevado crescimento econômico no país. As empresas buscam financiamento por meio de recursos próprios, do BNDES, de bancos comerciais e no mercado de capitas. Cerca de 37% desses recursos vêm do BNDES, 36% de bancos públicos e apenas 27% pelas instituições privadas. Resgatar a questão de que é preciso ampliar e democratizar o SFN é fundamental, e a capitalização dos bancos públicos associada à ampliação do crédito direcionado, que atualmente é limitado apenas à habitação e saneamento, são mecanismos para investir no desenvolvimento do país.”
Ana Carolina Tossetti, economista do Dieese.

“Os empréstimos dos bancos são limitados pelo patrimônio que eles têm. Os bancos privados não são prejudicados pelos altos índices de Basiléia, já que eles têm patrimônio elevado. Emprestam pouco a taxas altas e limitam a entrada de novos bancos, mantendo a concentração. É importante regrar, não só com medidas prudenciais, mas também de orientação como, por exemplo, ampliando o crédito direcionado.”
Ana Carolina Tossetti, economista do Dieese.

“Os EUA acabaram de aprovar mudanças no Sistema Financeiro, elas são mais prudências do que de controle, como a criação de um órgão de fiscalização, mas é um passo importante. O sistema financeiro brasileiro também precisa de uma reforma. Nós vamos defender a população e o papel social dos bancos, enquanto os banqueiros, o lucro, o aumento da concentração, dos ativos e patrimônio maiores. A campanha salarial passa por isso também, pela luta por um sistema financeiro mais justo.”,
Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato.

“A discussão que houve em 2008, durante a crise econômica, permitiu ao governo Lula arbitrar para viabilizar o reaquecimento da economia e impedir que o Brasil fosse arrastado para a crise e recessão. Reafirmou o debate que a categoria bancária faz de que o Sistema Financeiro Nacional tem de ter uma regulamentação voltada aos interesses da sociedade. É inaceitável que a rentabilidade dos bancos se mantenha em patamares elevados entre 20% a 25%, esses recursos têm de se converter em financiamento ao desenvolvimento social.”
Ricardo Berzoini, deputado federal (PT-SP).

“Até 1994 os bancos lucravam em média R$ 800 milhões, hoje lucram R$ 8 bi. Emprestam apenas 40% do PIB. O SFN não está preparado para o crescimento do país. Não tem controle social. Petróleo, teles, aviação, todos têm agências reguladoras, menos o sistema financeiro. Apenas o BC e CMN controlam de alguma forma os bancos, mas não há a participação de vários atores da sociedade entre eles, os trabalhadores. Essa discussão sobre regulamentação do SFN tem de extrapolar o âmbito dos bancários e se estender a outros setores de trabalhadores e empresariais.”
Luiz Cláudio Marcolino, presidente licenciado do Sindicato.

“Para reformularmos o SFN é necessário responder a quatro questões: de onde vêm os lucros dos bancos, para onde vão, a quem os bancos atendem e a quem cabe o controle social dos bancos? No Brasil há mil municípios sem atendimento bancário. Defendemos a ampliação do crédito tanto em bancos públicos, quanto nos privados; a universalização do serviço; criação da Comissão Parlamentar Mista (Câmara e Senado) do Sistema Financeiro Nacional (Copasf) e participação dos trabalhadores no Conselho Monetário Nacional.”
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf.

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