Bancários de São Paulo paralisam contra demissões no Itaú Unibanco

Cerca de 700 funcionários de 11 agências localizadas na zona leste e na Central de Processamento de Serviço Administrativo (CPSA, na Avenida Lins de Vasconcelos, em São Paulo, paralisaram suas atividades nesta quarta-feira (9) em protesto contra as demissões promovidas pelo Itaú Unibanco.

Segundo Jair Alves, diretor da Contraf-CUT e um dos coordenadores da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú Unibanco, “os trabalhadores querem o fim das demissões e melhores condições de saúde, segurança e trabalho”.

“Os trabalhadores cruzaram os braços contra o desrespeito do banco que insiste na política nefasta de rotatividade e fechamento de postos de trabalho para aumentar ainda mais os seus lucros gigantescos”, afirma o dirigente sindical.

Para o sindicalista, a mobilização ocorre devido à onda de demissões, principalmente nas agências da zona leste de São Paulo. “Além disso, ouvimos relatos de funcionários sobre as péssimas condições de saúde, falta de funcionários e insegurança, dentre outros problemas. O recado ao banco é claro: caso não pare com as demissões, os protestos serão estendidos para todas as regiões da cidade”, aponta Jair.

Outro gol contra

O Itaú Unibanco, cuja propaganda fala em “vamos jogar bola”, obteve um lucro líquido de R$ 3,426 bilhões no primeiro trimestre deste ano. No entanto, o banco marcou gol contra ao fechar 1.964 postos de trabalho no período, o que acumula um corte de 7.728 vagas nos últimos 12 meses.

Segundo dados do Dieese, a instituição que tinha 104.022 funcionários em março de 2011, diminuiu para 98.258 em dezembro e reduziu para 96.204 em março de 2012, sendo “rebaixado” para a segunda divisão no campeonato do emprego.

“O banco exibe outro lucro gigantesco nos primeiros três meses do ano, mas continua jogando pais e mães de família no olho da rua, o que mostra falta de responsabilidade social e descaso com o emprego e o desenvolvimento do País”, afirma Carlos Cordeiro, funcionário do Itaú e presidente da Contraf-CUT.

GPSA

Os bancários da GPSA responderam ao chamado e paralisaram as atividades. No local são cerca de 600 empregados que, durante a atividade, relataram um ambiente de pressão, insegurança e propício para doenças ocupacionais.

“É pior momento que estou vivendo dentro dos meus 20 anos de banco”, diz uma bancária que veio do Unibanco. “O ambiente é de assédio e demissão. Presenciei dispensas de colegas só por questões pessoais e até com câncer. Somos obrigados a conviver com abordagens de gestores que ficam perguntando para alguns funcionários antigos quanto tempo falta para a aposentadoria, o que deixa a entender que a demissão é uma questão de tempo”, afirma.

A funcionária tem postura crítica em relação ao banco. “Não podemos nos calar. Esses dias uma colega do departamento foi obrigada a se afastar porque não aguentava mais a pressão. Essa é política de gestão que o banco vem adotando com os funcionários e depois vive fazendo propaganda na TV para posar de instituição preocupada com o social” desabafa.

O funcionário do Itaú e diretor executivo do Sindicato Carlos Damarindo passou por vários setores do CPSA e constatou que o clima é o pior possível. “Conversamos com os trabalhadores e percebemos que existe um sentimento muito intenso de revolta”, afirma.

“Essa é uma da série de paralisações que vamos fazer até que o Itaú pare de demitir, terceirizar e pressionar. O principio dessa gestão é baratear a mão-de-obra para poder pagar altos bônus aos executivos”, conclui.

Notícia atualizada às 21h de 09.05.2012.

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