Ato protesta contra assassinato de cliente dentro do Ita£ no RJ

(Rio) Jonas Eduardo Santos de Souza, 34 anos, foi morto a tiros por Natalício Marins, vigilante da agência do Itaú na esquina da Avenida Rio Branco com Rua São José, no centro do Rio, na tarde da última sexta-feira, dia 22. Jonas, que trabalhava numa banca de jornal próxima e era correntista da agência há mais de dez anos, foi detido na porta giratória e, depois de retirar dos bolsos todos os objetos metálicos que carregava, recusou-se a tirar o cinto, como exigia o segurança. Foi preciso que um gerente liberasse a entrada de Jonas que, irritado, discutiu com Natalício e foi baleado no peito.

 

Algumas matérias de jornal informam que houve luta corporal entre a vítima e o segurança. Mas os dois clientes que estavam atrás de Jonas, aguardando para entrar na agência, desmentiram a versão, alegando que houve apenas um bate-boca entre os dois.

 

Após o crime os clientes foram retirados da agência. A polícia foi chamada e o vigilante foi levado preso, mas sem algemas. Natalício prestou depoimento, entregou a arma, foi liberado no mesmo dia e vai responder o processo em liberdade. O corpo de Jonas permaneceu por várias horas no local, enquanto os funcionários fechavam os caixas e encerravam as atividades do dia. Nenhuma assistência psicológica foi prestada aos bancários.

 

A família da vítima alega que o crime foi motivado por racismo. O advogado Humberto Adami, diretor da Federação Nacional dos Advogados e presidente do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental, informa que são freqüentes as situações de constrangimento de clientes e usuários nas portas giratórias. “A discriminação na entrada das agências do Itaú é comum. Temos recebido diversas denúncias de pessoas negras que são barradas na porta do banco”, revela Adami.

 

Verton da Conceição, diretor do Sindicato do Rio e militante do movimento negro, também testemunha o racismo: “O homem negro é visto como bandido, como indivíduo perigoso, e é discriminado quando tenta entrar nas agências bancárias.”

 

Outra questão que surge é a do preparo do profissional para o exercício da função. O treinamento não é suficiente e, como estes vigilantes não trabalham para o banco, mas para empresas terceirizadas, não há investimento na sua formação. O segurança, que é o primeiro alvo em caso de assalto, acumula funções, muitas vezes ficando encarregado do controle e liberação da porta giratória, o que não é sua função.

 

“Às vezes, o vigilante chega a ajudar os clientes no auto-atendimento, o que é tarefa para um funcionário do banco”, informa Carlos Maurício, empregado do Itaú e diretor do Sindicato do Rio. Sem treinamento e obrigado a desempenhar muitas funções ao mesmo tempo, o vigilante pode não saber como agir em uma situação difícil.

 

Paz de espírito

A situação trabalhista dos vigilantes de bancos não é das melhores. As empresas terceirizadas costumam não pagar as contribuições de FGTS e INSS e o atraso de salários é comum. Preocupado com o sustento da família, um vigilante não tem condições psicológicas de exercer corretamente uma função estressante que exige reflexos rápidos e precisos.

 

Procurada pela imprensa da Feeb RJ/ES, a gerência de RH do Itaú no Rio de Janeiro ficou de transmitir mais informações sobre a situação trabalhista dos seguranças que atuam em suas agências. Mas já adiantou que os contratos com as terceirizadas são firmados com o departamento que cuida da segurança bancária, não com o RH.

 

Manifestação

As entidades do movimento negro no Rio de Janeiro estão preparando um ato ecumênico em frente à agência para marcar o sétimo dia da morte de Jonas. A manifestação será na quinta-feira, dia 28, às 13h, na esquina de Av. Rio Branco com Rua São José.

 

Fonte: Feeb RJ/ES

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