Artigo de diretor da Contraf-CUT defende rédeas no sistema financeiro

O jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, publicou no último sábado, dia 23, o artigo “Rédeas no Sistema Financeiro”, do diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários)e da Afubesp e secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. O texto chama o Congresso Nacional para regulamentar o artigo 192 da Constituição que trata do sistema financeiro nacional.

O artigo resgata uma canção popular do cantor e compositor Teixeirinha, “Tordilho Negro”, comparando os bancos a um cavalo mal domado que ficou redomão. “Está na hora de a sociedade colocar rédeas no sistema financeiro”, afirma o dirigente sindical.

“Não é à toa que os bancos, mesmo com a crise, continuam apresentando resultados astronômicos”, denuncia o sindicalista. “Por isso, eles não têm motivos para demitir, apesar das fusões. Precisam, isto sim, baratear o crédito e melhorar o atendimento, a segurança e a distribuição dos seus lucros”, propõe.

Conforme Ademir, “a riqueza da Nação não pode continuar sendo apropriada pelos banqueiros ou remetida para o exterior e aos paraísos fiscais. Os bancos precisam investir no desenvolvimento do País, com geração de empregos e renda”. O dirigente do SindBancários e da Confraf-CUT acredita que o momento da regulamentação é agora. “O cavalo está encilhado”, conclui.

Veja a íntegra do artigo:

RÉDEAS NO SISTEMA FINANCEIRO

Ademir Wiederkehr

O cantor e compositor Vitor Mateus Teixeira era mestre na arte de transformar simples histórias do campo em músicas que viraram grandes sucessos. O que ele certamente nunca imaginou é que uma de suas canções mais populares, Tordilho Negro, possa ser usada hoje como metáfora para explicar o papel do sistema financeiro nacional e apontar caminhos neste momento de crise financeira mundial.

Teixeirinha conta que um gaúcho tinha um cavalo que foi mal domado e ficou redomão. “O dono do pingo desafiava qualquer peão e dava o tordilho de presente para quem montasse sem cair no chão”. O sistema financeiro não pode ser comparado a um cavalo xucro?

Os bancos no Brasil cobram preços exagerados pelos seus serviços. As taxas de juros permanecem muito elevadas. O spread bancário (a diferença entre as taxas de captação e empréstimo) é um dos mais altos do mundo. As tarifas, mesmo depois da regulamentação do Banco Central, continuam altas, onerando clientes e usuários.

Não é à toa que os bancos, mesmo com a crise, continuam apresentando resultados astronômicos. No primeiro trimestre de 2009, o Itaú Unibanco lucrou R$ 2,014 bilhões, o Bradesco R$ 1,723 bilhão, o BB R$ 1,665 bilhão, a Caixa Econômica Federal R$.452 milhões, o Santander R$ 416 milhões e o Banrisul R$ 106,5 milhão. Por isso, eles não têm motivos para demitir, apesar das fusões. Precisam, isto sim, baratear o crédito e melhorar o atendimento, a segurança e a distribuição dos seus lucros.

Está na hora de a sociedade colocar rédeas no sistema financeiro. Na canção, o grande artista da música do Rio Grande conta que topou o desafio, montou no bagual e saiu pelo campo. “Tordilho negro berrava na espora, por vinte horas ninguém mais nos viu”. Mas, de repente, ouviram um tropel, olharam o campo e viram que ele vinha vindo, “feliz saboreando uma marcha troteada”.

Cabe ao Congresso Nacional a tarefa de regulamentar o artigo 192 da Constituição que trata do sistema financeiro. É preciso definir o papel dos bancos públicos e privados, fixar as atribuições do Banco Central e estabelecer formas de controle social. A riqueza da Nação não pode continuar sendo apropriada pelos banqueiros ou remetida para o exterior e aos paraísos fiscais. Os bancos precisam investir no desenvolvimento do País, com geração de empregos e renda. O cavalo está encilhado!

Diretor do SindBancários e da Contraf-CUT

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