Valor: recuperação de créditos ruins ajuda a elevar lucro do Banco do Brasil

Valor Econômico
De Brasília

O Banco do Brasil recuperou R$ 1,158 bilhão em créditos inadimplentes (que já estavam baixados como prejuízo) no primeiro semestre, alta de 37% em relação ao igual período de 2008. O resgate de ativos dados como perdidos ajudou a turbinar o lucro do BB e, segundo executivos da instituição, dá fôlego para sustentar a estratégia agressiva de corte nos juros e spreads. Os créditos recuperados equivalem a mais de um quarto do lucro do banco no primeiro semestre, de R$ 4,014 bilhões. O desempenho supera o dos principais concorrentes privados. Os ativos recuperados no BB representam 32,8% dos créditos baixados como prejuízo no período, contra uma média de 14,3% observada nos demais bancos de varejo.

O BB, de um lado, baixou menos crédito como prejuízo do que os bancos privados. Foram R$ 3,352 bilhões, contra média de R$ 4,214 bilhões nos privados, sempre no primeiro semestre de 2009. As regras prudenciais do BC determinam que as instituições financeiras baixem como prejuízo créditos vencidos há mais de meio ano. O BB, de outro lado, recuperou R$ 1,158 bilhão em créditos inadimplentes, contra R$ 604 bilhões observados nos bancos privados.

Em parte, a recuperação no BB foi favorecida por cessão de crédito de R$ 271 milhões, ou seja, a venda de carteira para empresas especialistas em recuperar créditos inadimplentes. Esse evento, porém, não distorce as comparações, porque os bancos privados também lançam mão de estratégias semelhantes. A cessão de carteiras é procedimento padrão de cobrança, após fracassarem todas as etapas normais para recuperar os créditos. O BB diz que o bom desempenho é resultado da reestruturação feita nos últimos anos na área de cobrança, que começa a dar os seus resultados mais palpáveis nos lucros. Foram desenvolvidas, por exemplo, novas ferramentas estatísticas de cobrança. Uma delas permite identificar a melhor forma de abordar o devedor, a partir de dados de relacionamento do cliente com o banco, como seus hábitos de poupança, niveis e perfis de endividamento e uso dos diversos canais de atendimento.

O BB descobriu que há um grupo de clientes que não precisa ser cobrado – eles atrasam eventualmente, mas sempre pagam. Há grupos de clientes, de outro lado, que respondem melhor quando são cobrados pelos canais de atendimento telefônicos, por terminais eletrônicos de auto-atendimento ou por correspondência.

Foram tomadas outras medidas, como colocar a cobrança, e não apenas a concessão de crédito, entre as prioridades dos funcionários do BB. Os pagamentos de bônus dependem desse quesito. “Todos dos gerentes, quando abrem o computador pela manhã, veem uma lista com os dez maiores devedores da agência”, disse o vice-presidente de crédito, controladoria e risco global do BB, Ricardo Flores.

O BB também passou a fazer o rodízio e avaliação mais rigorosa dos resultados das 127 empresas terceirizadas que prestam serviços de cobrança. Se uma empresa não recupera o valor em dois meses, o crédito vai para outra. A comissão de quem cobra é inversamente proporcional ao tempo de cobrança. Créditos de maior valor são cobrados por unidades regionais especializadas com funcionários do próprio BB.

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