Valor: cresce fatia do BB no crédito à exportação

Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo

O Banco do Brasil e o Bradesco ganharam participação no mercado de crédito à exportação de prazo de vencimento em até um ano, cujo principal fornecedor de recursos, hoje, é o Banco Central do Brasil.

Os dois grandes bancos nacionais, que tomam as linhas do BC e repassam às empresas exportadoras, chegaram a ter participação de 76% do mercado em outubro. Normalmente, o BB e o Bradesco já são os maiores líderes deste mercado, mas com fatias que variam de 50% a 60%, no máximo.

Bancos estrangeiros saíram do mercado, como o Citi e o Wachovia, que era muito ativo mas foi comprado pelo Wells Fargo, que nunca atuou no crédito externo ao país. Bancos estrangeiros com maior participação no mercado brasileiro estão muito seletivos, restando uma grande atuação aos bancos nacionais mais tradicionais no segmento, além dos pequenos e médios.

“Não apenas nossa participação no mercado cresceu, como também continuamos a fornecer crédito para as pequenas e médias empresas”, afirma o diretor de comércio exterior do Banco do Brasil, Nilo Panazzolo. Segundo ele, do número total de operações realizadas pelo BB em setembro e outubro, 80% foram para as empresas pequenas e médias. “Estamos mantendo nossa média histórica”, afirmou.

Com a ajuda fundamental do BC, o volume total de Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACCs), pré-embarque, e Adiantamento sobre Cambias Entregues (ACEs), pós -embarque, no BB cresceu 13% no acumulado de setembro a novembro na comparação com o mesmo período do ano passado, revela Panazzolo. Foram fechados US$ 4 bilhões dessas transações pelo BB nesses três meses. No trimestre, a participação do BB subiu para 35%, na comparação com os tradicionais 30% de mercado tradicionais.

Em outubro, o BB chegou a ficar com 40% do mercado, ao realizar US$ 1,44 bilhão. Neste mesmo mês, o Bradesco teve sua participação elevada dos tradicionais 23% a 27% para níveis inéditos em torno de 36%.

No total acumulado do ano, o BB fechou US$ 12,150 bilhões em ACCs e ACEs até o mês de novembro. No ano passado inteiro, havia fechado US$ 14 bilhões no mesmo período de comparação. Para dezembro, Panazzolo espera repassar US$ 1,2 bilhão e com isso no mínimo repetir o total fechado no mês passado.

De acordo com ele, os leilões de linhas de crédito à exportação do BC com garantias em ACCs e ACEs têm dado certo e atenderam de forma satisfatória à demanda das empresas. “A demanda por financiamento caiu um pouco.”

O executivo diz, no entanto, que os leilões do BC precisam ser mantidos daqui para a frente. Esses leilões, de acordo com Panazzolo, não apenas suprem a demanda não atendida como ainda servem para balizar preços. Ele lembra que no último leilão do BC, em dezembro, uma linha de vencimento em um 1 ano saiu ao preço de Libor, a taxa interbancária de Londres, mais 1% ao ano.

Para Panazzolo, há linhas externas de crédito à exportação ao país, mas apenas “de forma residual”. Segundo ele, o total de crédito renovado não seria suficiente para suprir as necessidades das empresas. “Há muitas linhas e mercados que simplesmente sumiram”, comenta o executivo.

Ele cita o mercado de compra de um título com compromisso de recompra, o chamado “repo” (do inglês repurchase agreement), que tinha grande participação dos principais bancos de investimento do mundo. Essas linhas de crédito, como tinham garantias em títulos da dívida do governo brasileiro em dólar ou americano, tinham custo atrativo e muitas vezes ajudavam a financiar o comércio exterior no Brasil. Não há mercado externo de capitais e no interbancário a liquidez também é bem reduzida, diz.

Panazzolo informa que a carteira de ACCs e ACEs do Banco do Brasil está em aproximadamente US$ 5,5 bilhões. O risco cresceu e algumas empresas pedem para prorrogar vencimentos, mas a inadimplência continua estável.

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