Tornar economia acessível à sociedade é fundamental à democracia
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No primeiro dia do curso “Economia para Transformação Social”, da Contraf-CUT, professora Juliane Furno abordou importância do tema na batalha das ideias que determinam rumos da política
Nos últimos anos, o tema econômico foi alçado a uma questão de maior preponderância política, com grande influência nos debates que determinam as eleições nos países. O problema é que, ao mesmo tempo, o campo progressista perdeu espaço nas discussões socioeconômicas, por conta das avalanches de fake news (informações falsas) e da propagação de ideias que não estão à serviço do bem-estar social.
O diagnóstico foi feito pela economista e cientista social, Juliane Furno, assessora da diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), nesta quarta-feira (13), primeiro dia do curso “Economia para Transformação Social”, realizado pela Secretaria de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), na sede da entidade, em São Paulo.
Juliane, que também é professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), explicou que, em geral, as pessoas não gostam de economia, porque o tema é apresentado de um ponto de vista "seletivo e particular", que alimenta "o mito de que as melhores decisões econômicas para a sociedade são aquelas determinadas por técnicos”.
"Economia é economia política, portanto não se trata de um tema para economistas, mas da sociedade, um tema da democracia. Quanto mais a sociedade se apropriar do conhecimento econômico, melhor para as discussões que definem os rumos da política", pontuou a professora.
Origem do curso
O curso “Economia para Transformação Social” foi criado pela Fundação Perseu Abramo, a partir do diagnóstico, apresentado acima por Juliane Furno, feito pelo Núcleo de acompanhamento de políticas públicas (Napp) Economia, da Perseu Abramo.
Foi então que a entidade, com apoio de um grupo de economistas, desenvolveu o curso e também um livro, com o mesmo nome (link para o livro), assinado por Juliane Furno e pelo economista Pedro Rossi, também palestrante do curso da Contraf-CUT, nas atividades desta quinta-feira (14).
"É um livro didático, que trata os temas da forma mais popular, recorrendo à linguagem cotidiana, mas também com conteúdo teórico crítico, fundamental para que possamos nos posicionar melhor na batalha das ideias", pontuou Juliane.
O secretário de Formação da Contraf-CUT, Rafael Zanon, explica que o interesse em trazer o curso para os dirigentes sindicais surgiu ainda no ano passado, para melhorar os instrumentos teóricos da classe trabalhadora como um todo. "Com esse aprofundamento sobre economia, esperamos que os dirigentes tenham mais segurança para transmitir esse conhecimento às bases e em debates decisivos, nas ruas e nas mídias sociais. Esse é o objetivo que queremos alcançar, ao trazer o curso para a Contraf-CUT", destacou.
Para o vice-presidente e secretário geral em exercício da Contraf-CUT, Vinícius Assumpção, que fez a abertura do evento, “esse curso é muito importante, porque precisamos entender a lógica da economia para transformar a sociedade, que está muito polarizada”. Vinícius observou que “nossa visão de mundo se torna cada vez mais importante nessa sociedade partida, com uma extrema-direita que avança no Brasil e no mundo, e precisamos de instrumentos para enfrenta-la e combatê-la”.
O curso tem ao todo quatro módulos. O primeiro, que começou na quarta-feira (13), termina nesta quinta-feira (14), com a participação de Pedro Rossi. Veja a seguir agenda e programa dos outros módulos:
Módulo 2 (remoto)
Dia 2 de abril, das 19h às 22h, pela plataforma Zoom.
– Mitos econômicos e o debate brasileiro
– Mitologia fiscal e a retórica da austeridade
Módulo 3 (remoto)
Dia 23 de abril, das 19h às 22h, pela plataforma Zoom.
– Excesso de gastos e o país quebrado
– Os mitos sobre a inflação
– O mito da meritocracia
Módulo 4 (presencial)
Em São Paulo, local a confirmar.
Dia 15 de maio de 2024, das 10h às 17h.
– Subdesenvolvimento, neoliberalismo e transformação social no brasil
– Subdesenvolvimento, industrialização e neoliberalismo
Dia 16 de maio de 2024, das 9h às 16h.
– Crescimento e distribuição nos governos Lula e Dilma
– Ascensão e fracasso da estratégia neoliberal
– Agenda econômica para a transformação social