Superávit da Cassi: recursos devem ser aplicados na melhoria dos serviços

A Cassi divulgou recentemente, em sua revista institucional, um superávit de R$ 169 milhões no primeiro semestre de 2008. Esse valor supera em 284% o resultado do mesmo período de 2007, de R$ 44 milhões. A notícia é apresentada de forma extremamente positiva na publicação, o que seria o caso, não fossem o pouco investimento nas condições de atendimento e em melhorias em parte responsáveis por esses ganhos.

“Como a Cassi pode apresentar um superávit desses e não ter ainda atendido tantas reivindicações antigas dos associados, como a implantação de um plano odontológico ou apresentar uma solução para a falta crônica de profissionais credenciados no interior dos estados?”, questiona William Mendes, secretário de Imprensa da Contraf/CUT.

A falta de médicos é um problema recorrente na Cassi, atingindo todo o país, especialmente no interior dos estados. Associados de diversas regiões do país sofrem com a falta de médicos e especialistas, tendo que se deslocar para fora de sua cidade para conseguir atendimento. Outra demanda que não foi ainda atendida é a implantação do plano odontológico, antiga reivindicação dos funcionários e que vem sendo discutida nas campanhas dos últimos anos.

Além disso, a gestão atual da caixa de assistência tem levado outros problemas para os associados, como a desarticulação das equipes NEPA (formadas por nutricionista, enfermeiro, psicólogo e assistente social), base do modelo de atendimento integral à saúde. Pelo critério estabelecido na nova estrutura organizacional da Cassi, estes profissionais só serão contratados em uma determinada região a partir do momento em que ela registrar um determinado número de pessoas cadastradas na estratégia de saúde da família. Onde esse número não foi atingido, as equipes foram desfeitas, com demissão de profissionais.

Com isso, o atendimento destas regiões pela estratégia saúde da família acaba ficando prejudicado, levando os associados a se afastarem do modelo, voltando para o modelo curativo. Esse critério burocrático para definir a criação ou não das equipes NEPA acaba criando um círculo vicioso contra a estratégia de saúde integral: a falta de pessoas cadastradas inviabiliza a criação das equipes, o que diminui a qualidade do serviço, afugentando os associados, prejudicando a estratégia como um todo e favorecendo o modelo curativo.

Outro problema é que o novo modelo não leva em consideração o fato de o Banco do Brasil estar adquirindo outras instituições financeiras, sendo que os funcionários agregados passarão a ser associados da Cassi. Um exemplo dessa falha pode ser visto no caso do núcleo de Chapecó (SC), fechado recentemente. Com a vinda dos funcionários do Banco dos Estado de Santa Catarina (BESC), recentemente adquirido pelo banco, é possível que a região volte a ter o número de associados definido como limite para instalação da clinicassi. Entretanto, a equipe já foi desfeita e será necessário começar tudo novamente, com custos de treinamento, localização etc., tudo por conta de um mau planejamento.

“A boa gestão dos recursos é necessária para que a Cassi possa oferecer bons serviços e não desperdice o dinheiro dos associados. No entanto, por um lado, há uma série de medida para buscar economia que podem acabar trazendo prejuízos mais tarde, além da falta de soluções para reclamações antigas dos associados”, avalia William. “A gestão da Cassi parece ter adotado um modelo financista para avaliar seu desempenho, privilegiando a economia de recursos sem pensar na qualidade dos serviços e nas conseqüências em longo prazo das ações tomadas”, sustenta.

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