Representação de jovens cresce no congresso mundial da UNI

No evento deste ano, nos Estados Unidos, a participação foi de 7%, mas deve crescer para 10% no próximo evento

As questões da juventude no mercado de trabalho e na sociedade como um todo tiveram destaque no 6º Congresso da UNI Global Union, realizado na Filadélfia, Estados Unidos, entre os dias 27 e 30 de agosto. A principal atividade foi um painel específico para o tema, no último dia do evento.

A secretária da Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Bianca Garbelini, a Bia, que participou do evento, enfatizou o crescimento da atenção da UNI aos jovens. “A juventude representou cerca de 7% do congresso, um avanço em relação ao de 2018, e aprovamos uma moção que recomenda aos sindicatos de todo o mundo a garantia de pelo menos 10% de participação de jovens no próximo congresso e nas em suas direções”, comemorou Bia. “Isso foi muito forte, a juventude toda subiu ao palco durante a leitura da moção”, complementou.

No congresso, também foi realizada uma reunião informal dos jovens presentes, com incentivo que todos fizessem uso da palavra sempre que possível. “Isso foi muito positivo porque tivemos jovens falando de todos os pontos de debate, não apenas na própria pauta da juventude, e assim também tínhamos informações sobre a realidade de muitos países”, avaliou. Bia observou que as pautas dos jovens foram especialmente voltadas às questões ambientais, o que mostra que “o futuro depende de uma contenção das mudanças climáticas, de empregabilidade, de formação e de participação política das novas gerações”, disse.

Meio ambiente

A presidenta mundial de Juventude da UNI Global Union, Lucimara Malaquias, que também é secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, em sua fala, também tratou das consequências da crise climática. Ela abordou, ainda, guerras, conflitos geopolíticos e a inteligência artificial, elementos que “têm gerado fortes impactos econômicos que afetam drasticamente os níveis de emprego e as condições de vida de todos, mas principalmente dos mais jovens”.

Para Luciamara, a conjuntura atual deu origem ao que especialistas chamam de desilusão juvenil, traduzida na falta de confiança nas estruturas econômicas, políticas e sociais. “Essa desilusão pode representar uma ameaça às conquistas sociais, ameaçando a estabilidade econômica e o bem-estar coletivo”.

De acordo com Lucimara, os sindicatos devem enfrentar os desafios de acolhimento e empoderamento dos jovens. “Como líderes sindicais, temos a responsabilidade de apoiar nossos jovens, investir em suas habilidades e capacidades, construir uma geração de líderes que fortalecerá nosso movimento e nos ajudará a avançar nos direitos coletivos. Mas, para isso, precisamos lembrar quem fomos, quem somos e como chegamos até aqui como ativistas e transformadores sociais”. A dirigente ressaltou que “a mensagem da juventude da Uni Global é que precisamos promover uma mudança que não seja apenas do sistema, mas uma mudança civilizatória. E não se promove uma mudança civilizatória sem a participação e a voz da juventude”.

Mulheres jovens

Bianca Garbelini, em sua participação na 6º Conferência Mundial da UNI Mulheres, no sábado (26), abordou as barreiras às jovens mulheres na sua formação e seus impactos na participação feminina no ramo financeiro. “Os empregos que mais crescem atualmente no nosso ramo são os da área da tecnologia, já que a pandemia acelerou a digitalização nos bancos, área na qual infelizmente as mulheres são minoria. Historicamente, somos desincentivadas de estudar ciências exatas. Somos direcionadas para a área de cuidados, para atividades tidas como femininas”, relatou Bianca.

Para Bianca, “os sindicatos devem abraçar a tarefa de contribuir com a formação das jovens trabalhadoras para o emprego do futuro, que na realidade já é o emprego do presente, e garantir espaços de participação política para essas jovens. Jovens mulheres, especialmente no sul global, precisam de acesso ao estudo e ao trabalho decente, precisam de perspectiva de futuro, de um planeta vivo”. A secretária também observou que “as consequências da crise climática são sofridas por nós, mas não somos nós que causamos as alterações no clima, tampouco usufruímos do dinheiro e coisas cuja produção impactam o meio ambiente”.

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