Presidência da Cassi comete irregularidades em período eleitoral

Grupo no WhatsApp foi criado sem qualquer aviso ou explicação, sem pedir autorização de conselheiros

Em pleno período eleitoral para diretorias da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), com votação entre os dias 18 e 28 de março, a presidência da Cassi tomou iniciativa ilegal, irregular e injustificada, segundo denuncia do membro do Conselho de Usuários da Cassi SP e representante da Fetec-CUT/SP na Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), Getúlio Maciel.

Nesta sexta-feira (25), foram criados grupos no WhastApp com todos os membros dos Conselhos de Usuários estaduais do Sudeste e do Nordeste, pela assessoria da presidência da Cassi, sem nenhum prévio aviso ou explicação inicial. “Os conselheiros foram colocados num grupo, sem saber o porquê, para quê, ou por quem”, explicou Getúlio Maciel.

A aparente justificativa era de tratar-se de mais um canal direto dos conselheiros com o presidente da Cassi. Porém, em nenhuma reunião nos conselhos estaduais houve pedido, pauta ou autorização para tal medida. Nem sequer o presidente da Cassi faz parte do grupo, sendo intermediado por um assessor, que até o presente momento, jamais se manifestou, adicionando membros no grupo sem autorização, aumentando a estranheza.

Outro fato curioso é que, enquanto muitos conselheiros demonstravam descontentamento com a inexplicável e desrespeitosa atitude, pessoas ligadas ao grupo Mais União, com relações próximas às atuais diretorias eleitas, defendiam a inclusão não autorizada dos conselheiros com o mote “quem não tiver contente peça pra sair”, sem ao menos explicar quais objetivos e qual intuito da existência daquele canal de conversas. Não é novidade que há claro alinhamento entre as atuais diretorias eleitas, o presidente da Cassi, e este último alinhado com o governo Bolsonaro.

“Além de aparentar populismo eleitoreiro, é ilegal, pois vai contra as regras da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). De onde vieram os dados e os contatos dos conselheiros? Quem autorizou?”, questionou o dirigente.

O produto das reuniões dos Conselhos de Usuários estaduais é repassada à Cassi pra providencias no âmbito da Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento. Pelo ineditismo, não se sabe se a intenção é realmente melhorar o canal de comunicação entre os usuários e a presidência, ou esvaziar os fóruns de debate dos conselheiros, com o rito adequado para discussão e encaminhamento de propostas, para migração de um ambiente tão difuso e desorganizado como um grupo de centenas em redes sociais, e esvaziar também o canal com a Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento. “A medida é ruim, arbitrária, ilegal e populista”, concluiu Getúlio.

Para o coordenador da CEBB, João Fukunaga, essa táctica de criação de grupos no WhatsApp é um modelo já conhecido e praticado por bolsonaristas. “Nada mais me espanta deste presidente da Cassi que, com certeza, só está no cargo por ser apoiador do presidente da República. O que é de se estranhar é que a instituição esteja sendo usada para práticas eleitoreiras”, disse. “Repudiamos esta prática e exigimos uma posição dos diretores eleitos contra uma medida que mancha o nome da instituição e usa o dinheiro dos associados e de uma instituição pública, como é o Banco do Brasil, para criação e utilização deste instrumento irregular. Exigimos retratação e o imediato encerramento destes grupos!” completou.

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