Pastor escravagista não virá mais ao Brasil

Defensor da subjugação de seres humanos, norte-americano Douglas Wilson cancelou participação em congresso evangélico por protestos surgidos depois da publicação da notícia sobre sua vinda

O pastor evangélico norte-americano Douglas Wilson, autor de dois livros que defendem que a escravização de negros e negras por cristãos é autorizada na Bíblia, não virá mais ao congresso Consciência Cristã, que ocorre durante o Carnaval, em Campina Grande, na Paraíba.

A vinda do escravagista ao Brasil foi cancelada após publicação de reportagem sobre sua presença no evento, pelo site de jornalismo investigativo Intercept Brasil, em 16 de janeiro. O anúncio foi feito pela associação conservadora Visão Nacional para a Consciência Cristã, responsável pelo congresso, por causa de “polêmicas levantadas por interpretações de falas sobre o tema sensível da escravidão”.

Wilson, líder da Igreja de Cristo, em franco crescimento nos Estados Unidos, é um teólogo fundamentalista, autor de dois livros que defendem a escravização de pessoas negras por cristãos. Essas publicações já exercem grande influência na extrema direita brasileira.

Ele é um dos articuladores do “nacionalismo cristão”, organização vista como séria ameaça à democracia, que atuou na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2022, para tentar impedir a posse de Joe Biden, que havia derrotado o ultraconservador Donald Trump nas eleições.

Como pontua o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, “tanto a Constituição como o Código Penal vetam escravidão no Brasil, então as palavras desse pastor são ilegais aqui”. Racismo é crime imprescritível, com pena de dois a cinco anos de prisão.

O secretário também avalia que “a presença desse pastor em um evento religioso no Brasil seria uma afronta à sociedade como um todo, pois além do atraso mental que o leva a defender esse disparate, nós, negros e negras, compomos 57% da população brasileira”.

Várias entidades, como a Contraf-CUT e o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN) se mobilizaram para impedir a vinda do escravagista, além de forte pressão dos movimentos negros, iniciada logo que a matéria do Intercept foi publicada. “Esse pastor ataca todos os direitos humanos, e o Brasil está buscando voltar à normalidade, que inclui o bom diálogo inter-religioso; por isso esse pastor não tem espaço para pregar o ódio por aqui”, conclui Almir.

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