1535 resultados Ver todos os resultados
1535 resultados Ver todos

OIT: Sem diálogo não será possível superar desempregos gerados pela IA

Imagem ilustrativa

Encontro realizado pelo organismo internacional, em Genebra, reforça necessidade de debate entre todos os setores, para alcançar políticas realistas e que revertam a destruição de empregos e o aprofundamento das desigualdades

A solução para a forte redução de empregos causada pela implementação das tecnologias disruptivas, como a Inteligência Artificial (IA), não acontecerá sem o diálogo tripartite entre representantes do governo, empregadores e trabalhadores. Essa foi a conclusão da primeira reunião sobre o tema na história, realizada nesta quarta-feira (12), pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, na Suíça, no âmbito da 112ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho (CIT).

O encontro contou com a participação de uma comitiva brasileira, formada por representantes do movimento sindical bancário e empregadores do setor, além de membros do judiciário, legislativo e executivo do país.

“Este é um tema que precisávamos, de fato, que fosse debatido, porque esse processo já está acontecendo no setor financeiro brasileiro, onde, atualmente, um trabalhador exerce a função de dois, três e até quatro, com a implementação da inteligência artificial na automação de tarefas. A tecnologia é importante, mas é preciso que a sua implementação não venha acompanhada do aumento das desigualdades sociais, mas do contrário", explicou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira, durante o encontro.

O ministro do Trabalho do Brasil, Luiz Marinho, destacou na reunião a necessidade de "valorizar a negociação coletiva", pontuando que, sem o diálogo entre todos os setores envolvidos, não será possível encontrar soluções para a redução de empregos que a IA já está gerando. O ministro citou dados de estudo feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e divulgado em janeiro. "O levantamento mostra que o aumento do uso da Inteligência Artificial afetará 40% dos empregos em todo o mundo, o que poderá aprofundar ainda mais as desigualdades sociais", completou.

A presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP) e também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, observou que o avanço da IA no sistema financeiro está sendo acompanhado do aumento da insegurança, com possibilidades de mais vazamento de dados no setor. 

"O uso intensivo da IA faz com que compartilhemos dados de voz e imagens, assinaturas nossas, que são armazenados em bancos de dados que estão fora do nosso controle", reforçou. Ela alertou ainda para o risco de golpes e de fraudes, como, por exemplo, "os sequestros para transferências com PIX", no caso do Brasil que possui esse sistema de pagamentos. "Com o aumento da tecnologia no sistema financeiro o que estamos assistindo, também, é a transferência de riscos do negocio para os clientes. Precisamos ter uma regulamentação que traga ganhos e segurança para trabalhadores, empregadores e governos", completou.  

A secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Rita Berlofa, que também participou da reunião, destacou que o evento foi histórico por ser a primeira reunião tripartite setorial, sobre o tema, na conferência da OIT, “necessária para o diálogo na busca por resoluções no mundo do trabalho e que precisam ser enfrentadas, em âmbito regional e mundial, sob o risco de aumento acelerado da pobreza".

A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, completou que o evento, apesar de, neste primeiro momento, somente ter exposto o diagnóstico dos impactos da IA sobre o mercado de trabalho, foi necessário para dar início às estratégias que precisam ser consideradas para que a humanidade encontre resoluções.

"Entre as conclusões que tivemos está a de que precisamos aprofundar estudos para pensar uma política que seja mais realista e que não destrua os empregos e gere uma transição justa. E todos nós, representantes dos trabalhadores, empregadores e do governo, chegamos à conclusão que tem que haver diálogo", pontuou.

Participaram também do encontro, na comitiva brasileira, o representante da Confederação Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF), Adauto de Oliveira Duarte, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Lelio Bentes Corrêa, e o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira.

Também estiveram no encontro:
- Christ Hoffman, secretária-geral da Uni Global Union;
- Vinícius Carvalho Pinheiro, diretor do Escritório da OIT para o Brasil;
- Senador Laercio Oliveira;
- Deputado federal Luiz Gastão;
- Economista da OIT Janine Berg;
- Presidente da CONTEC Lourenço Ferreira do Prado;
- Secretário de Relações Internacionais da CUT, Lisboa Amâncio;
- Finance Uni Global Union, Angelo di Cristo;
- Vice-presidente do TST, Ministro Aloysio Correia da Veiga;
- Ministra do TST, Maria Cristina Peduzzi;
- Deputado Federal, Vinícius Carvalho;
- Professor de direito acadêmico da Faculdade 28 de Agosto, Moisés Marques;
- Membro da CONSIF, Heliomar dos Santos Junior; e
- Doutor em economia e sócio da Oliver Wyman, Thomas Hoffman.

Notícias Similares

Imagem ilustrativa

Governo federal realiza 5ª Conferência Nacional da Pessoa com Deficiência

Delegações terão o desafio de decidir prioridades para elaboração de políticas públicas; classe trabalhadora jogará peso na retomada de processos democráticos de representação que foram extintos

Imagem ilustrativa

Segunda reunião de negociação com o BNB aborda igualdade de oportunidades

Nova rodada de negociação acontece no próximo dia 26

Imagem ilustrativa

Fabiana Uehara questiona Caixa sobre leilão que pode favorecer o Flamengo

Representante dos empregados no Conselho de Administração do banco enviou ofício a Carlos Vieira solicitando informações sobre desapropriação de terreno de fundo administrado pelo banco

Imagem ilustrativa

Caixa: Empregados cobram respeito à jornada e pagamento de extras

Preocupação com denúncias envolvendo a Caixa Asset e reivindicação para que haja negociações em mesa sobre a Funcef também foram abordadas

Imagem ilustrativa

Banco do Brasil se compromete a não mexer na gratificação dos caixas durante a Campanha Nacional 2024

O tema será negociado no período. A garantia foi dada pela direção do banco na terceira mesa de negociação da Campanha Nacional 2024, nesta sexta-feira (12)

Imagem ilustrativa

Contraf-CUT, Fenae e Apcefs denunciam retaliação a gerentes da Caixa

Empregados que se recusaram a dar aval a uma operação de compra de letras financeiras de alto risco; confira nota das entidades

Imagem ilustrativa

Campanha Nacional: 65% das bancárias apontam igualdade de oportunidades como prioridade

Movimento sindical reivindica ainda novo Censo da Diversidade, que todos os bancos façam adesão ao programa Empresa Cidadã e realizem ações de permanência e ascensão das populações mais vulneráveis

Imagem ilustrativa

COE se reúne com Mercantil para discutir PLR, falta de segurança e outras denúncias

Encontro será na próxima terça-feira (16)

Imagem ilustrativa

Funcef: Pesquisa mostra insatisfação com proposta de equacionamento

63% dos participantes do fundo REG/Replan Saldado não querem redução da pensão por morte; 67% contestam o fim do pecúlio por morte; 54% dizem que houve falta de transparência na elaboração da proposta

Imagem ilustrativa

Jornada e teletrabalho serão pauta de negociação com a Caixa

Semana de quatro dias, registro de ponto, pagamento de horas-extras e adicionais de remuneração serão alguns dos temas tratados; empregados cobram manutenção dos direitos para quem cumpre sua função em teletrabalho

Não há mais itens para carregar no momento